Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
Brejões (BA), Livramento de Nossa
Senhora (BA), Seabra (BA), Cabo Frio (RJ), Lençóis Paulista (SP). Os
cinco municípios foram os únicos do país a eleger prefeitos da Rede
Sustentabilidade, o novo partido de Marina Silva.
Em entrevista à repórter Marina Dias, a ex-senadora admitiu que o desempenho da sigla ficou aquém do esperado.
"Não vamos minimizar o fato de que foram apenas cinco prefeituras. Mas
não colocamos como principal métrica o resultado eleitoral, ainda que
para um partido político ele seja importante", disse.
E qual seria a métrica a ser
considerada? "Contribuir para o processo municipal sem instrumentalizar a
eleição pensando em 2018", respondeu a ex-senadora, em marinês castiço.
"A Rede foi um espaço para a renovação da política", acrescentou.
Mesmo vendo a nova sigla como uma mera
incubadora de políticos, é impossível ignorar os fatos. A Rede naufragou
em suas principais apostas no ano. No Rio, Alessandro Molon teve apenas
1% dos votos. Em São Paulo, Ricardo Young não chegou a pontuar. Teve
menos votos para prefeito que 44 dos 55 vereadores eleitos.
O partido ainda pode marcar um gol de
honra em Macapá, onde disputa o segundo turno. Mesmo assim, ficará longe
de ocupar o espaço aberto pelo encolhimento do PT e pelo clima de
insatisfação com a política.
Na semana passada, oito intelectuais deixaram a sigla em protesto contra
o seu "vazio de posicionamentos políticos". "A sociedade brasileira não
sabe o que pensa a Rede, nem consegue situá-la no espectro
político-ideológico", afirmaram.
Marina contestou a crítica, mas deu
certa razão aos dissidentes ao dizer que sua relação com o governo Temer
é de "independência" —nem oposição nem situação, muito pelo contrário.
Na era do duelo PT x PSDB, ela já teve dificuldade para se viabilizar
como terceira via. No novo cenário do país, a insistência em ficar em
cima do muro pode ser um passaporte para a irrelevância eleitoral.
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