Contrário à celeridade na análise da PEC 241/16,
que estabelece o teto dos gastos públicos pelos próximos 20 anos, o
deputado federal Danilo Cabral (PSB-PE) defendeu que o debate sobre a
proposta do Governo Federal seja aprofundado. Segundo ele, ainda há
muitos questionamentos dos parlamentares, inclusive da base aliada ao
Governo, e, por isso, a votação do relatório, apresentado nesta
terça-feira (4), na Comissão Especial não deveria ocorrer na próxima
quinta-feira. Caso a data seja confirmada, a expectativa é que a votação
da PEC no Plenário da Câmara dos Deputados seja dia 10 deste mês.
“No nosso entendimento, ainda não há condições de
votar a PEC 241 da forma como ela está posta”, criticou Danilo Cabral.
“O relator Darcísio Perondi (PMDB-RS) está analisando as propostas que
foram incorporadas. Pelo que temos conhecimento, não foram assimiladas
as contribuições que foram dadas através de emendas. Preocupa-me
bastante que esse assunto chegue de forma açodada, sem o devido
aprofundamento com a sociedade brasileira”, afirmou.
O deputado questiona a necessidade de congelar o
orçamento brasileiro no prazo estabelecido pela proposta do Governo
Federal. “A PEC poda o orçamento público brasileiro pelo horizonte de 20
anos e isso pode gerar a negação de um conjunto de direitos à sociedade
brasileira, notadamente nas áreas da assistência social, educação e
saúde”, destacou Danilo Cabral. Segundo ele, o ministro da Fazenda,
Henrique Meirelles, tem declarado que espera um superávit a partir do
próximo ano e há a expectativa de que a população brasileira cresça 10%
em dez anos. “Que consequências podemos ter? A PEC sinaliza um
congelamento do orçamento como se tivéssemos serviços públicos de
qualidade, como se contemplássemos todos os direitos do cidadão”, disse.
Danilo Cabral ressaltou ser a favor do ajuste
fiscal, do equilíbrio das contas públicas, mas defende a preservação das
conquistas da sociedade brasileira. “Estudos da consultoria da Casa
mostraram que se os critérios da fossem aplicados retroagindo de 2012 a
2015, teríamos retirado mais de R$ 400 bilhões de investimentos na
educação pública brasileira. No horizonte futuro, a retirada da
assistência social, da educação e da saúde seria da ordem de R$ 350
bilhões até 2025, que são áreas estratégicas para o País. Ou seja, nós
precisamos encontrar um meio termo nesse caminho”, defendeu.
O parecer do deputado Darcísio Perondi prevê que
as despesas com saúde e educação vão seguir os pisos atuais no ano que
vem. A partir de 2018, seguirão as regras de teto da PEC (correção pela
inflação). Para os gastos em geral, em 2017 o limite será o total de
2016 corrigido em 7,2%. A partir de 2018, o texto prevê a adoção do
IPCA. O relator sugere que valor do IPCA a ser tomado como referência
seja o valor acumulado entre os meses de julho de um ano a junho do
seguinte. O objetivo é evitar a necessidade de reformular a proposta
orçamentária (enviada sempre ao Congresso até o dia 31 de agosto de cada
ano) após a divulgação do índice definitivo dos meses finais do ano.
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