Tudo tem limite, diz o velho ditado
popular. Porém, nessa semana chegamos a seguinte conclusão: o governo
interino não tem limites. Aliás, não tem limites, pudor, ética, vergonha
e por aí adiante...
Primeiro, as revelações de Jucá.
Trata-se de uma confissão indubitável da farsa golpista que não
compromete apenas o senador, seu grupo político (seria mesmo um grupo?) e
os conspiradores do golpe. Atinge o sistema de justiça; confirma a
participação descarada da imprensa golpista no processo fajuto; aponta
para um "eles", o PSDB (o partido que perdeu as eleições e não aceita a
derrota) e, finalmente, compromete o interino. Afinal, segundo Jucá,
Temer foi citado como se tivesse sido consultado a respeito da criação
de um "pacto" cuja finalidade seria acalmar a sociedade (qual
sociedade?) que estava angustiada com os efeitos da Operação Lava Jato.
Aliás, diga-se de passagem, o jornal alemão Ziet, comentando o escândalo
das gravações perguntou, referindo-se ao governo ilegítimo: “regierung
oder gangsterbande?” Tradução: Governo ou gangsters?
Depois, os áudios vazados de Renan e
Sarney: velhacas (como dizia Ulisses Guimarães) raposas que operam no
obscurantismo. Todos a confirmar o verdadeiro motivo do golpe: apear a
presidenta Dilma do poder para que os usurpadores rifem o país. E tudo
sob os auspícios das ninfas supremas. Não há como negar o óbvio
ululante!
Agora, como se não bastassem tantas
patifarias em série, vemos estampados nos sites de notícia a informação
da audiência do ministro da (des)educação (um sujeito cujo currículo não
seria, por mérito, nem diretor de escola), com um ator pornô.
Não sou moralista como essa trupe
conservadora que impediu recentemente, por exemplo, a distribuição pelo
Ministério da Educação de material sobre educação sexual para a escolas.
Não tenho nada contra atores pornô. Porém, o novo conselheiro do
ministro da (des)educação há algum tempo atrás notabilizou-se por fazer
apologia ao estupro em plena rede nacional de TV. Realmente, deve ser um
grande especialista em educação do governo interino!
O que vimos hoje é uma abissal
afronta aos educadores e educadoras desse país. Um país cujo sistema
educacional precisa de mais atenção, investimento e respeito por parte
dos governantes e que recebe, deste (des)governo um tapa na cara
despudorado.
Indignação é insuficiente para
expressar o sentimento diante de tamanha afronta. A organização que
tomou o país está nos fazendo de otários; abusa da nossa paciência;
provoca-nos cotidianamente. Apoiado por um oligopólio midiático-golpista
que esconde, seleciona, manipula e mente acerca dos desmandos
cotidianos, o governo interino tripudia o tempo todo dos milhões de
brasileiros.
Uma coisa é certa: em pouco mais de
uma semana temos certeza que se trata do governo mais medíocre e tacanho
da história deste país.
Tudo tem limite!
Robson Sávio Reis Souza
Doutor em Ciências Sociais e professor da PUC Minas.
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