O
Juizado Especial Cível de Curitiba determinou que fossem retirados do
ar textos publicados no blog do jornalista carioca Marcelo Auler, 60,
com críticas a condutas da Polícia Federal na Operação Lava Jato, em
Curitiba. A defesa do jornalista já recorreu da decisão.
Dez
textos foram retirados do ar, dois deles em maio e o restante há uma
semana. As sentenças do juiz Nei Roberto Guimarães, 8º Juizado, e da
juíza Vanessa Bassini, do 12º Juizado, são do final de março e do início
de maio, respectivamente.
As
decisões atendem processo movido pelos delegados da Polícia Federal
Erika Marena e Mauricio Moscardi Grillo, integrantes da força-tarefa da
Lava Jato em Curitiba.
Os
dois são citados nas reportagens do blog de Auler, criado há 11 meses,
com textos principalmente sobre política. Com 42 anos de carreira, o
jornalista tem passagens por alguns dos principais veículos de
comunicação do país e foi ganhador de prêmios como o Esso de Jornalismo
em 1993 por reportagem publicada na revista Veja.
Os textos removidos por ordem judicial fazem críticas à conduta da PF, por exemplo, no episódio de suposta escuta encontrada
na cela de Alberto Youssef e quanto aos custos para a reforma de uma
unidade da PF em Curitiba. Em outra reportagem, Auler afirma que a
delegada Erika Marena fez vazamentos seletivos de delações premiadas da
Lava Jato.
Segundo
o advogado Rogério Bueno, que defende o jornalista, uma das sentenças
determina que o blog não só retire do ar as reportagens listadas no
processo como deve se abster de divulgar novas matérias, diz a sentença,
"com conteúdo capaz de ser interpretado como ofensivo ao reclamante
[delegado Grillo]".
Para
o defensor, trata-se de "censura prévia". Ele impetrou um mandado de
segurança na Turma Recursal dos Juizados Especiais na semana passada
para que as reportagens voltem a ser publicadas no blog.
O
jornalista disse defender o direito democrático de pessoas que se
sentirem atingidas pela imprensa de recorrer à Justiça, mas fez críticas
à decisão judicial.
"O
absurdo é o juiz censurar, mais ainda sem pedir antes que se apresente
provas. O absurdo é a censura, ela não pode existir", disse Auler. A
reportagem tentou repercutir a crítica com os dois magistrados, mas não
houve resposta da assessoria do Tribunal de Justiça do Paraná.
A
reportagem procurou ainda os dois delegados por meio da assessoria de
imprensa da PF do Paraná, mas não obteve resposta. A defesa dos dois
também não foi localizada.
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