Folha de S.Paulo - Márcio Falcão
O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao STF (Supremo
Tribunal Federal) a abertura de inquérito contra integrantes da cúpula
do PMDB para apurar o suposto pagamento de propina na construção da
usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. São alvos da Procuradoria: o
ministro Romero Jucá(Planejamento),
o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e os senadores Valdir
Raupp (PMDB-RO) e Jader Barbalho (PMDB-PA).
Janot solicitou que eles passem a figurar como investigados em inquérito no Supremo que já apura a suposta participação do senador Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia, com o esquema na usina.
A
linha de investigação tem como base delações premiadas, como a do
ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) e de Luiz Carlos Martins,
ligado a construtora Camargo Corrêa.
Aos investigadores, Delcídio afirmou que ex-ministros operaram um esquema de desvio de dinheiro das obras da usina de Belo Monte. Os recursos teriam ido para campanhas do PT e do PMDB.
Delcídio
afirmou que os ex-ministros Erenice Guerra e Silas Rondeau, do governo
Lula, e Antônio Palocci, dos governos Lula e Dilma, movimentaram cerca
de R$ 25 bilhões e desviaram pelo menos R$ 45 milhões dos cofres
públicos diretamente para as campanhas do PT e do PMDB em 2010 e 2014.
O
ex-senador disse que o "time" formado pelos senadores Renan Calheiros,
Edison Lobão, Jader Barbalho, Romero Jucá e Valdir Raupp, exerceu um
arco de influência amplo no governo, como no Ministério de Minas e
Energia, Eletrosul, Eletronorte, diretorias de abastecimento e
internacional da Petrobras, além das usinas de Jirau e Belo Monte.
Segundo
Delcídio, houve o pagamento, à época, de ao menos R$ 30 milhões a
título de propina pela construção de Belo Monte ao PT e ao PMDB, sendo
que Palocci coordenou esses pagamentos no âmbito do PT, destinando-os à
campanha eleitoral da presidente afastada Dilma Rousseff e ao próprio
partido, para redistribuição em beneficio de diversas outras campanhas
eleitorais.
Ele
afirmou ainda que, pelo PMDB, Rondeau destinou propina para o grupo do
ex-senador José Sarney (AP), do qual fazem parte Lobão, Renan, Romero
Jucá, Raupp e Jader.
CORRUPÇÃO
De
acordo com delatores, a propina em Belo Monte chegaria a R$ 20 milhões
–sendo que a obra, prevista para ser concluída em janeiro de 2019, tem
um investimento estimado em R$ 28,9 bilhões.
No pedido, Janot afirmou que as informações dos delatores podem configurar crime de corrupção passiva.
Os
peemedebistas já estão investigados na Lava Jato. Jucá e Renan também
são alvos de inquéritos ligados à Operação Zelotes, que apura suposto
esquema de compra de medidas provisórias.
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