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segunda-feira, 16 de maio de 2016

Esquerda recusa diálogo com Temer e vai para as ruas

Folha de S.Paulo - Thiago Amâncio
"Fruto de golpe", "sem legitimidade", "não venceria nas urnas". A Folha ouviu lideranças de cinco movimentos sociais que levaram multidões a protestos contra o impeachment sobre as perspectivas de atuação durante o governo Temer, que garantem: não reconhecem o mando do presidente interino e não vão sair das ruas.
"Seremos oposição e não há diálogo", afirma Raimundo Bonfim, coordenador-geral da CMP (Central de Movimentos Populares) e membro da coordenação nacional da Frente Brasil Popular, congregação de 65 movimentos sociais que organizou grandes atos no Vale do Anhangabaú e na avenida Paulista, em São Paulo.
"Nós entramos a partir de agora em um período de instabilidade social", afirma o líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos. "É de se esperar em qualquer governo, ainda mais em um governo ilegitimo que corte os recursos da moradia, uma onda de ocupações. Não há outra alternativa aos milhões de trabalhadores sem teto que não ocupar", diz.
Posição similar tem o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). "Continuaremos fazendo as nossas lutas em defesa da reforma agrária, ocupando latifúndios e reivindicando crédito e políticas públicas para os assentamentos", diz João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do grupo.
"Nossa relação é estritamente de pressão e luta, de negação e contrariedade", diz Thiago Ferreira, da coordenação do Levante Popular da Juventude, que ganhou notoriedade após promover uma série de "escrachos" de políticos e entidades a favoráveis ao impeachment. O Levante promete "continuar perseguindo e escrachando o Temer por onde ele for, denunciando seu papel como grande promotor do golpe" até derrubar o presidente interino.
"Não dá para ter um presidente representando o povo brasileiro sem intenção de voto nas pesquisas, com um programa que o povo não escolheu", diz Carina Vitral, presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes).
Ela lembra que o novo ministro da Educação, Mendonça Filho, é do DEM, partido que entrou com ação de inconstitucionalidade no STF contra as cotas e o Prouni. "Com esse tipo de governo não há diálogo", completa.

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