Antes
de assumir, Michel Temer anunciou que diminuiria o número de
ministérios. Pressionado pelos partidos que apoiaram o impeachment,
voltou atrás. Criticado pela imprensa, recuou do recuo.
Produziu um factoide e um problema. Deixou de poupar dinheiro público, porque a economia com
os cortes foi irrelevante, e comprou uma guerra com a classe artística,
ao reduzir o Ministério da Cultura a um guichê da pasta da Educação.
O
peemedebista também informou que montaria uma equipe de notáveis. Vazou
convites a figuras de prestígio, mas sucumbiu outra vez ao apetite dos
políticos.
Acabou
por repetir o modelo de loteamento das gestões petistas, carimbando
indicações partidárias sem examinar o currículo dos escolhidos. De
quebra, garantiu proteção a citados na Lava Jato.
O
vaivém da montagem do governo tem se repetido nos primeiros dias de
interinidade. Temer e seus ministros batem cabeça, e propostas
anunciadas à imprensa são abandonadas em menos de 24 horas.
Na segunda-feira (16), o novo ministro da Justiça defendeu mudanças
no processo de escolha do procurador-geral da República. A ideia foi
interpretada como uma ameaça à independência do Ministério Público. O
presidente desautorizou o auxiliar, que foi obrigado a voltar atrás.
Nesta terça (17) o ministro da Saúde mexeu em outro vespeiro ao propor a "revisão" do tamanho do SUS. Diante da repercussão negativa, precisourecuar.
Entre a ida e a vinda, soube-se que Temer entregou a saúde pública a um
deputado que teve a campanha financiada por planos privados.
Aliados
do peemedebista alegam que a sucessão de tropeços era inevitável, já
que ele precisou montar o governo às pressas. A explicação não resiste a
um exame do calendário. Desde que Temer declarou que
o país precisava de alguém para "reunificá-lo", insinuando-se para a
cadeira presidencial, passaram-se mais de nove meses. É o tempo de uma
gestação
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