Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
A nova pesquisa Datafolha mostra que
Dilma Rousseff e Michel Temer estão empatados em impopularidade. O
percentual de brasileiros que desejam a renúncia da presidente e do vice
é o mesmo: 60%. A dupla rejeição sugere que a sociedade continuará
insatisfeita, seja qual for o desfecho da crise.
A votação do impeachment na Câmara está
prevista para o próximo domingo, dia 17. Será comandada pelo réu Eduardo
Cunha, ainda mais detestado do que Dilma e Temer.
Como a renúncia coletiva não está nos
planos de ninguém, caberá aos 513 deputados escolher quem ficará com a
faixa presidencial. O povo não foi convidado. O futuro do país será
decidido por uma versão reciclada do velho Colégio Eleitoral, que
indicou o avô de Aécio Neves em 1985.
O tucano sonhava em antecipar a eleição
de 2018, mas aderiu às Indiretas Já. A explicação está nas pesquisas.
Desde dezembro, suas intenções de voto despencaram dez pontos. Se a
disputa fosse hoje, Lula e Marina passariam ao segundo turno.
Há diferenças entre as novas indiretas e
as de Tancredo e Maluf. A principal é que Dilma precisará apenas de um
terço da Câmara, contando as ausências. Temer tem que conquistar 342
votos. Nos últimos dias, ele abandonou a discrição e se lançou em
campanha aberta, fazendo corpo a corpo com deputados.
O duelo também valorizou o passe de
políticos sem mandato que andavam na sombra, como os condenados no
julgamento do mensalão. Na quarta-feira, Temer abriu o Palácio do Jaburu
para o ex-deputado Roberto Jefferson, chefe do PTB.
Outro caso curioso é o do ex-deputado
Valdemar Costa Neto, dono do PR, que ainda cumpre prisão domiciliar. Até
o início da semana, ele era cortejado por Lula e visto como cabo
eleitoral de Dilma. Há quatro dias, recebeu uma ligação do vice.
Maluf já mudou de lado. Era aliado de
Dilma, mas decidiu apoiar Temer. "Ela é correta e decente, mas voto pelo
impeachment", declarou.
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