Da Folha de Pernambuco
O efeito da perda de lideranças como os ex-governadores Eduardo
Campos e Miguel Arraes de Alencar começa a colocar o futuro do PSB em
xeque. Um movimento nacional iniciado em 2014, com a desfiliação do
ex-presidente Roberto Amaral e seguido pelos deputados federais Glauber
Braga (PSOL-RJ) e Luiza Erundina (PSOL-SP), ameaça se reproduzir,
também, em Pernambuco. Insatisfeitos com os recentes rumos do partido,
que consideram uma guinada à direita, militantes históricos e até mesmo
membros da família Arraes ameaçam uma rebelião com a saída das hostes
socialistas.
O grupo já alimentava insatisfação como apoio dado à candidatura do
senador Aécio Neves (PSDB), em 2014, financiado pelo vice-presidente
nacional do PSB, Paulo Câmara, e o secretário-geral Geraldo Julio (PSB).
A possibilidade de fusão do PSB com o PPS, no início de 2015, também
provocou reação contrária, abafada pelo abandono do projeto. O
desconforto prosseguiu com a aproximação dos dirigentes socialistas com
siglas como DEM, PPS e PSDB.
No entanto, o estopim da crise interna foi a posição do PSB na
votação do impeachment de Dilma Rousseff (PT), quando a bancada votou
maciçamente contra a petista. A postura foi vista como desconstrução das
bandeiras históricas do PSB e alinhamento com o que chamam de direita
conservadora.
“Há uma discordância de um grupo com esse direcionamento do partido
voltado para a direita. O PSB está perdendo espaço em um segmento que
ele sempre teve adesão, que é dos intelectuais e acadêmicos. É uma
postura que nunca se imaginava que o PSB teria e que Doutor Arraes
jamais apoiaria”, afirmou o ex-secretário do Governo Arraes, Izael
Nóbrega, um dos que cogita sair.
Inimigos históricos
Outra liderança ligada a Miguel Arraes, o presidente municipal do PSB de Olinda, Tales Vital, disparou contra a sigla em sua página do Facebook. Segundo ele, o partido se tornou “linha auxiliar do PMDB, PSDB e DEM por falta de visão de médio prazo” dos herdeiros de Eduardo Campos. “Resolveram jogar fora a posição de esquerda, abandonar os tradicionais aliados no campo das esquerdas para se juntar com os históricos inimigos”, bateu.
Outra liderança ligada a Miguel Arraes, o presidente municipal do PSB de Olinda, Tales Vital, disparou contra a sigla em sua página do Facebook. Segundo ele, o partido se tornou “linha auxiliar do PMDB, PSDB e DEM por falta de visão de médio prazo” dos herdeiros de Eduardo Campos. “Resolveram jogar fora a posição de esquerda, abandonar os tradicionais aliados no campo das esquerdas para se juntar com os históricos inimigos”, bateu.
Para conter a insatisfação, lideranças socialistas se articulam para
evitar a debandada. O secretário da Casa Civil, Antônio Figueira, teria
se encontrado com Izael, e o presidente da Hemobras, Marcos Arraes. A
conversa teria sido feita em caráter pessoal, em nome da amizade entre
as lideranças. O governador Paulo Câmara também teria tido uma conversa
com o ex-ministro Sérgio Rezende, igualmente insatisfeito.
O presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, diz que busca o diálogo
para esclarecer a posição da sigla para sua base. “O quadro está
confuso. O partido tem se colocado onde sempre esteve. Afastou-se do
Governo Federal em 2013 para apresentar uma alternativa ao Brasil.
Depois, mantivemos posição de independência. Estamos procurando
conversar com nossos militantes, com segmentos sociais para clarear os
posicionamentos tomados”.
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