247 – O momento
enfrentado pelo grupo Globo, da família Marinho, é delicado. No fim de
semana, centenas de pessoas protestaram diante da sede da emissora no
Rio de Janeiro. Pouco depois, um grupo invadiu um triplex em Paraty
(RJ), cuja propriedade é atribuída aos Marinho, que negam serem donos da
casa. Ontem, integrantes do MST invadiram a sede da afiliada da Globo
em Goiânia, o que mereceu notas de repúdio de entidades ligadas ao
jornalismo (saiba mais aqui).
Por trás do cerco à Globo, está a
percepção de que a emissora dos Marinho hoje atua, assim como em 1964,
com o propósito claro de fragilizar a democracia brasileira. E o
problema é que a Globo, com seu noticiário enviesado, de fato alimenta
essa percepção.
Na sexta-feira passada, por exemplo,
quando a Globo decidiu entrar de cabeça na história da suposta delação
de Delcídio Amaral (PT-MS) – não homologada pela Justiça e negada pelo
próprio "suposto delator" –, o jornal O Globo chegou às bancas e casas
de seus assinantes com uma manchete triunfante e definitiva: "Delação de
Delcídio põe Dilma no centro da Lava-Jato".
Hoje, quando se sabe que o senador
Aécio Neves está na mesma hipotética delação, por seu suposto
envolvimento nada republicano numa CPI, o Globo esconde a notícia no pé
da primeira página e nem cita o presidente nacional do PSDB em seu
título.
Na semana passada, após o vazamento
da suposta delação de Delcídio, Aécio convocou uma reunião de emergência
da oposição, decretou pela enésima vez a morte do governo da presidente
Dilma Rousseff e decidiu retomar a pressão pelo impeachment, informando
que anexaria a suposta delação de Delcídio ao pedido inicial, aprovado
por Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Coincidência ou não, Aécio passou a
dizer, agora, que a suposta delação de Delcídio só será anexada ao
pedido de impeachment depois de ser homologada – uma vez citado, pode
até ser que o senador passe a trabalhar contra sua homologação.
Por último, mas não menos
importante, na semana passada todos os veículos de comunicação do grupo
Globo relativizavam o fato de o próprio Delcídio ter negado, em nota, o
teor da delação atribuída a ele. Hoje, o Globo publica declaração de um
dos advogados de Delcídio, Antonio Figueiredo Basto, afirmando que
"documentos falsos estão sendo publicados" e, de novo, negando a
delação.
Ou seja: no mundo da Globo, ela só seria verdadeira, se atingisse apenas o PT e a presidente Dilma. Contra Aécio, vira mentira.
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