247-O jornalista Fred Melo Paiva compara o cenário em
frente ao Aeroporto de Congonhas, onde o ex-presidente Lula prestou
depoimento, a "um enorme Projac", estúdios da Rede Globo para a gravação
de novelas e outros programas de entretenimento.
"Neste momento conto pelo menos seis helicópteros", descreve o
jornalista, pelo Facebook. Se referindo a governo e oposição, ele
escreve ainda: "Não existe, nem lá nem cá, uma liderança capaz aglutinar
ou de nos propor uma saída. O herói que sobressai é o juiz de segunda
instância, apesar dos vazamentos criminosos, de espetáculo, da óbvia
obsessão por um personagem cujo iate é um barco de lata e o latifúndio
um sítio emprestado metade do sítio do meu sogro".
Leia abaixo:
Uma estranha delação, negada pelo estranho delatador, publicado
por uma estranha revista, há muitos anos de segunda linha. Delação que,
se ocorreu, é criminoso vazá-la. O JN, da emissora cujos donos foram
pegos de calças curtas no exercício da mais descarada hipocrisia numa
reserva ambiental em Paraty, faz tabelinha com a revista de segunda e o
crime do vazamento. Amanhecemos então com 200 agentes na casa do
perigoso ex-presidente. Veja: um ex-presidente que nunca se furtou a
nenhum esclarecimento, levado a força pela Polícia, sob ação de um juiz
de segunda instância. Eu moro ao lado de Congonhas. Virou um enorme
Projac. Neste momento conto pelo menos seis helicópteros. Isso tudo
ocorre uma semana antes dos bizarros protestos do dia 13, aqueles que
clamam por golpe militar, vestem-se de CBF e portam faixas Somos Milhões
de Cunha. Justiça e PF, pela óbvia tabelinha com uma mídia que se porta
como partido de oposição (ou de situação, como já foi a partir de março
de 64, por exemplo) e com todo tipo de golpista, já conta com o olhar
desconfiado de boa parte da população. A oposição, envolvida em casos e
mais casos de corrupção, é rechaçada até por parte dos golpistas e
entusiastas do espetáculo que se desenrola esta manhã. Não existe, nem
lá nem cá, uma liderança capaz aglutinar ou de nos propor uma saída. O
herói que sobressai é o juiz de segunda instância, apesar dos vazamentos
criminosos, de espetáculo, da óbvia obsessão por um personagem cujo
iate é um barco de lata e o latifúndio um sítio emprestado metade do
sítio do meu sogro. Sobressai também, elevada à décima potência, o ódio
que tem separado amigos e famílias. Triste país, que prende Lula numa
circunstância dessa e Maluf tudo bem, e todo o resto tudo bem.
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