É
de risco qualquer aposta em Brasília diante da influência de fatos
revelados a cada dia pela Lava Jato ou de decisões desastradas tomadas
por protagonistas políticos (como a nomeação do ex-presidente Lula para a
Casa Civil).
Uma previsão para o amanhã fica suscetível a um novo elemento que hoje pode surgir e mudar a rota prevista.
Mesmo
assim, não há muita dúvida dentro do Congresso de que o adeus
peemedebista ao governo de Dilma Rousseff nesta terça (29) deve selar o
destino do processo de seu impeachment.
A
não ser que um fato novo — sempre ele — seja capaz novamente de mudar a
temperatura da crise, o desembarque do PMDB indica um roteiro definido e
sem volta para o futuro da presidente no Palácio do Planalto — um
cálculo que leva em conta os sinais trocados de Renan Calheiros, que
dificilmente segurará a onda anti-Dilma no Senado.
Mantidas
as condições normais (se é que existem) de temperatura e pressão da
política, a debandada de outras legendas da base, a partir do gesto do
PMDB, tende a ser iminente.
O PRB, que passou despercebido pelo Ministério do Esporte, já caiu fora. PR, PP e PSD sinalizam o mesmo.
Não
que tais legendas estejam preocupadas com o rumo do país e o combate à
corrupção no governo federal, ou com a economia deteriorada a que o
Brasil foi levado pelas mãos de Dilma e de seu time ineficaz. E muito
menos com o teor jurídico do processo de impeachment na Câmara
(provavelmente nem se deram o trabalho de lê-lo até agora).
São
aliados de ocasião que integraram o governo nos últimos anos, lotearam
ministérios e deram sua parcela para a degradação política e econômica
que tomou conta da administração federal.
Alguns
de seus indicados estiveram no epicentro de escândalos da Esplanada na
gestão petista, como o PR no Transportes, o PP nas Cidades e na
Petrobras.
É
o fisiologismo de outrora e de hoje que, em meio ao naufrágio quase
irreversível de Dilma, corre para pular fora do seu barco e subir o
quanto antes no do vice Michel Temer.
Não
estarão ali para tirar da lama o país que ajudaram a atolar. Querem só
garantir um ministério ou uma diretoria qualquer de uma estatal dona de
contratos milionários.
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