Por Luís Nassif, do Jornal GGN -
É irreal o grau de ingenuidade de setores do PT e do governo, aliviados
com as informações que constam nos documentos que embasaram a Operação
Acarajé, de que não há nenhuma evidência de que o marqueteiro João
Santana tenha recebido dinheiro ilegal para as campanhas de Lula e
Dilma.
Então, o juiz Sérgio Moro teria autorizado a prisão de Santana por
suspeita de financiamento oculto para as campanhas presidenciais na
República Dominicana?
É evidente que o objetivo de Sérgio Moro é derrubar o governo. É
evidente que Moro está alinhado à oposição e à estratégia de Gilmar
Mendes no TSE (Tribunal Superior eleitoral).
Pessoas minimamente antenadas teriam percebido no início a estratégia
de Moro – porque é óbvia, pouco sutil. É impressionante, no entanto, a
facilidade com que iludiu seus principais alvos, a presidente Dilma
Rousseff e seu conselheiro-mor, o Ministro da Justiça José Eduardo
Cardozo.
Há duas lógicas na Lava Jato: uma, a lógica político-midiática, de criar o clima para o golpe final; e a lógica jurídica.
Juízes só julgam sobre o que está nos autos. Pode-se fazer a campanha
política mais radical, mais evidente, desde que não conste dos autos.
Constando dos autos, assim que os processos saírem do Paraná, os
tribunais superiores poderão reconhecer a parcialidade do juiz e a
intenção política da Lava Jato.
A estratégia da Lava Jato foi simples. De posse das informações
levantadas, com o poder de editar como bem entendesse, já que aliada à
mídia, a Lava Jato direcionou todas as investigações para o lado de Lula
e alimentou a mais pertinaz campanha de desconstrução da imagem de uma
pessoa pública, desde a campanha contra Getulio Vargas em 1954.
A prisão da nata da malandragem teve como único objetivo recolher
informações de ordem política. Depois, todos foram liberados, assim como
Alberto Yousseff na Operação Banestado.
A campanha midiática teve por objetivo estimular o clamor popular e a
demolir as resistências do Judiciário contra os abusos da operação.
Ao mesmo tempo em que os delegados vazavam toda sorte de factoides, e
os procuradores todo tipo de discurso político, os autos permaneceram
impolutos: não há nada contra Lula, Lula não está sendo investigado,
Lula não é suspeito.
No reino colorido de Brasília, o conselheiro José Eduardo Cardozo acalmava a Rainha Dilma e lhe dizia:
- Viu? Não há o que temer. A operação é republicana.
Ontem, na véspera de se consumar o estupro, começou a cair a ficha
das virgens do Planalto de que havia algo de estranho no comportamento
de Sérgio Moro.
Provavelmente, é o mais ingênuo governo da história do país. Nem Wenceslau Braz conseguiu superá-lo.
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