Texto escrito por Eduardo Guimarães no Blog da Cidadania
Expoentes
do PT como João Vaccari Neto ou José Dirceu, etc, estão presos porque
foram alvos de delações premiadas. Quando empreiteiros, banqueiros,
doleiros ou laranjas acusam petistas, a mídia produz manchetes
tonitruantes, os telejornais se esbaldam e a oposição, Aécio Neves à
frente, exigem prisão, tortura, decapitações etc. contra os acusados.
Eis que, em 30 de dezembro, Aécio
Neves apareceu pela segunda vez na Operação Lava Jato; na primeira, foi
citado pelo doleiro Alberto Youssef como responsável pela montagem de um
‘mensalão’ em Furnas. Neste domingo, 10 de janeiro, surge uma terceira
menção.
Em negociação para firmar um acordo
de delação premiada, o ex-presidente do PP (Partido Progressista) Pedro
Corrêa alega ter informações capazes de comprometer aproximadamente cem
políticos, entre eles dois ministros do atual governo: Jaques Wagner, da
Casa Civil, e Aldo Rebelo, da Defesa. A relação apresentada por Corrêa
durante as tratativas, porém, inclui Aécio.
As três menções ao ex-candidato
tucano a presidente e linchador-mor de petistas citados na Lava Jato
pouco ou nada diferem das que levaram petistas à cadeia, recentemente. É
tudo questão de a Justiça decidir que acusações sem provas vai levar a
sério e para quais irá requerer “provas” que não são pedidas para
acusados filiados ao partido contra o qual a Lava Jato foi pensada.
São três – uma, duas, três – menções
a Aécio no âmbito da Lava Jato e tais menções não tem sido suficientes
para que ele ao menos tenha a decência de calar a boca e parar de acusar
outros por problemas com a Justiça que também tem.
Tomemos, por exemplo, o caso de
Jaques Wagner, ministro-chefe da Casa Civil. Delatores ligados a uma
empreitiera dão como “prova” de que ele se corrompeu doação eleitoral de
50 mil reais dessa empresa ao ministro quando se candidatou ao governo
da Bahía. Esse valor corresponde a cerca de 1% dos gastos dele de
campanha e foi devidamente registrado na Justiça Eleitoral.
Contudo, a celeuma que se formou em
torno disso em nada lembra o tratamento da grande mídia que vem sendo
dado a Aécio, contra quem, apesar de ser o líder da oposição,
praticamente não se vê uma mísera manchete com destaque, isso sem falar
que muitos veículos nem sequer se dão ao trabalho de registrar que o
tucano foi acusado.
O vazamento contra Jaques Wagner é
escandaloso porque foi feito exatamente no momento em que ele começava a
falar de política em nome do governo de forma a reagir aos ataques da
oposição. O que soa essa acusação ridícula envolvendo um valor ridículo é
que se trata de um recado: pare de falar, do contrário vai virar alvo
da mídia.
Voltando a Aécio, se puxarmos o caso
da Lista de Furnas, por exemplo – uma denúncia antiga contra tucanos de
Minas que ganhou força ao voltar à cena via delatores da Lava Jato -, o
envolvimento de Aécio se mostra grave.
Só para refrescar algumas memórias:
dois dos principais delatores da operação Lava Jato, o doleiro Alberto
Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto
Costa, mencionaram, em agosto do ano passado, que políticos do PSDB
receberam recursos desviados de empresas estatais como a Petrobras e
Furnas. Entre os beneficiados foram citados o ex-presidente nacional
partido Sérgio Guerra e o senador Aécio Neves.
O que Yousseff e Paulo Roberto Costa dizem contra petistas tem um peso, o que dizem contra tucanos, outro.
O caso da Lista de Furnas, que até
hoje ninguém conseguiu provar que é falsa, contem acusações contra Aécio
que, se para elas fosse usado o mesmo critério usado para acusações
contra petistas, já teriam levado o tucano para a Papuda.
A essa denúncia somam-se as outras
supracitadas, mas o silêncio da mídia é sepulcral. E com a mídia em
silêncio a Justiça não anda, os “torquemadas” da Lava Jato não se
indignam, não produzem aqueles showzinhos que são suas entrevistas
coletivas.
A Operação Lava Jato poderia ser uma benção para o país. Porém, não passa de uma farsa.
Desde que todos nos conhecemos por
gente sabemos que empreiteiras corrompem agentes do poder público para
ganharem os contratos que as tornaram mega empresas transnacionais. As
mesmas empreiteiras que têm contratos com o governo federal, com a
Petrobrás, têm contratos com Estados e municípios, muitos dos quais
governados por tucanos e outros oposicionistas.
E mídia e Justiça tentam nos fazer
crer que no escândalo dos trens em São Paulo as mesmas empreiteiras que
corromperam funcionários da Petrobrás e que constroem estações
ferroviárias e metroviárias para o governo tucano, só corrompem agentes
do poder público se forem de governos petistas. É o samba do descendente
de europeu doido.
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