247 – Numa de suas
delações premiadas, feitas em 2014, o doleiro Alberto Youssef, afirmou
que seu padrinho na política, o ex-deputado José Janene, do PP, dividiu
uma diretoria em Furnas com o senador Aécio Neves. Por meio dessa
diretoria, ocupada pelo tucano Dimas Toledo, pagou-se, durante o governo
FHC, um mensalão a diversos deputados federais.
Na delação, Youssef afirmou que ia
constantemente a Bauru (SP) receber recursos da ordem de US$ 100 mil
mensais em nome de Janene – o dinheiro era pago por meio da Bauruense,
uma fornecedora de Furnas. Ele afirmou ainda que Aécio seria
beneficiário desse esquema. As afirmações foram feitas tanto na delação
(leia aqui) como no Congresso (leia aqui).
Essa denúncia só veio a público
quando o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, decidiu pediu o
arquivamento da investigação relacionada a Aécio. Nela, Janot fez uma
ressalva. Disse que o caso poderia ser reaberto se surgissem novas
evidências relacionadas ao tucano.
Nesta quarta-feira, o nome de Aécio
apareceu numa segunda delação. Desta vez, do maleiro Carlos Alexandre de
Souza Rocha, que entregaria dinheiro em nome de Youssef. Rocha afirmou
ter levado um pacote de R$ 300 mil para um diretor da empreiteira UTC no
Rio de Janeiro, chamado de "Miranda", que teria como destinatário final
o senador tucano.
Chico e Francisco
Diante da nova acusação, que Aécio
diz ser "fantasiosa", o procurador Janot será pressionado por
parlamentares governistas a reabrir o caso sobre o tucano. Até porque
ele próprio sinalizou que seu lema, no comando do Ministério Público
seria "pau que bate em Chico também bate em Francisco".
Um caminho óbvio e natural de investigação foi indicado pelo jornalista Fernando Brito, editor do Tijolaço. "Miranda, que é apontado pelo próprio Ministério Público como o responsável pelos “acertos” de propina com o PMDB na
obra de Angra 3, seria, por óbvio, o próximo passo de qualquer
investigação séria. Mas Miranda, ao que se saiba, não foi preso nem
deixado mofar na cadeia até que entregasse os chamados 'agentes
políticos', é claro", diz ele (leia aqui).
Ontem, em seu Facebook, Aécio postou
a seguinte mensagem: “O que vai nos tirar dessa crise é a solidez das
nossas instituições. O PSDB está ao lado da Justiça brasileira, do
Ministério Público, da Polícia Federal e do Congresso Nacional, na
defesa da democracia e do retorno da ética como instrumento de ação
política”.
A bola, agora, está com Janot.
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