O
Governo do Estado começa a enviar nesta segunda-feira (21/9) à
Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) um pacote de medidas para
enfrentamento da crise econômica que sacode o país. Elas têm o objetivo
de melhorar a receita - inclusive dos municípios - e estimular setores
importantes da economia pernambucana, aumentando as alíquotas de alguns
segmentos e reduzindo outras. As medidas ajudarão na criação e
manutenção de empregos e devem injetar anualmente cerca de R$ 487
milhões no caixa a partir de 2016.
Duas
das medidas preveem o escalonamento da carga tributária cobrando mais
imposto de bens e veículos de maior valor. A alíquota do Imposto sobre
Causa Mortis e Doação (ICD), incidente sobre a transmissão de bens
móveis, imóveis ou direitos por herança ou doação, passa dos atuais 2%
ou 5% para uma escala de 0% a 8%, dependendo do valor do bem. A faixa de
isenção do imposto aumenta de R$ 5 mil para R$ 50 mil e passam a ser
tributados com a alíquota máxima os bens acima de R$ 400 mil.
O
Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) também terá
sua alíquota escalonada, indo de 0% a 6%, onde a alíquota mais alta será
cobrada dos veículos de maior valor. Carros com até 180 cavalos-vapor
(CV) passam a ser tributados em 3% e acima disso a alíquota será de 4%.
Aeronaves e embarcações pagarão 6% de IPVA. “A crise nos atingiu em
cheio. Essas duas medidas são uma forma de tributar mais aqueles
contribuintes com maior renda, inclusive proprietários de aeronaves,
lanchas e jet skis, sem afetar a população menos favorecida”, diz o
secretário da Fazenda, Márcio Stefanni Monteiro.
As
“cinquentinhas” (motocicletas de até 50 cilindradas) também passam a
ser tributadas com IPVA, em 2,5%, como forma de amenizar as despesas do
Estado com os envolvidos em acidentes de moto. Nas operações com
motocicletas, a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS) sobe de 12% para 18%.
O
Governo do Estado também vai alterar as alíquotas do ICMS incidentes
sobre a gasolina e o álcool para incentivar a substituição do
combustível fóssil pelo renovável. A alíquota da gasolina sobe de 27%
para 29%, enquanto que a do álcool cai de 25% para 23%. “É também uma
forma de garantir os empregos no setor sucroalcooleiro, principalmente
num momento em que o Estado beneficia as usinas que se encontram em
recuperação judicial tais como Pumaty e Cruangi, que voltaram a moer”,
explica Stefanni.
Acompanhando
o movimento dos demais estados do Nordeste e as deliberações do
Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), Pernambuco está
alterando as alíquotas de ICMS incidentes sobre serviços de
telecomunicação, de 28% para 30%, e de TV por assinatura, de 10% para
15%. O aumento na alíquota sobre os serviços de telecomunicações será
destinado ao Fundo de Combate à Pobreza, que financia a assistência
social e a saúde do Estado. Para os produtos que não contam com
legislação específica a alíquota modal do ICMS sobe de 17% para 18%, a
mesma já praticada pelos estados do Sul e do Sudeste e que também está
sendo adotada pelos governos da Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas e
Distrito Federal.
“Estamos
lançando mão de alguns remédios amargos, mas sempre de olho na justiça
tributária. Quando aumentamos as alíquotas do ICMS e do IPVA também
estamos beneficiando os municípios, que ficam com uma fatia de 25% e 50%
desses impostos, respectivamente. Esses remédios são necessários para
garantir, nesse momento de crise, o que já foi conquistado nas áreas
social e econômica, até porque, ao contrário do que estamos fazendo com
os municípios, a União não apresentou proposta para aumentar o repasse
aos estados e municípios em seu pacote. É uma questão de sobrevivência”,
justifica o secretário da Fazenda.
Já
a indústria local será beneficiada com uma série de medidas, como a
limitação de sua base de cálculo para operações internas, de tal forma
que a carga tributária seja equivalente à aplicação do percentual de 18%
sobre o valor da operação, quando hoje pode chegar a 27%. Outra medida é
a disposição de contra-atacar proteções existentes em outros estados do
Nordeste (reserva de mercado) em relação à compra de insumos em
desfavor da indústria pernambucana, a exemplo do trigo.
Desde
o início do ano, tanto a indústria quanto o comércio, de todas as
regiões do Estado, já vêm sendo beneficiados com desonerações
tributárias. Empresas de transporte aéreo; fabricantes de veículos e
autopeças; usinas de açúcar e álcool; fabricantes de equipamentos e
geradores de energia eólica e solar; usinas termoelétricas; fabricantes
de embalagens, tintas e vernizes; operações com material de construção;
operações com trigo e milho; e fornecimento de refeições por bares e
restaurantes são algumas das áreas beneficiadas.
Para
melhorar as relações tributárias, o Governo de Pernambuco está
reduzindo todas as multas de penalidades para 100%, quando hoje o teto é
de 280%, com a possibilidade de parcelamento de débitos fiscais. Ainda
no item melhoria nas relações tributárias, a lei do ICMS será
consolidada, simplificando o cumprimento das obrigações fiscais e
facilitando a vida do contribuinte pernambucano. Isso coloca o Estado na
vanguarda desse tipo de legislação.
CONTEXTO -
As medidas chegam num momento em que a receita orçamentária do Estado
está em queda. De janeiro a julho houve uma redução da ordem de R$ 1,2
bilhão, representando uma variação nominal negativa de 7,2% na
comparação com o mesmo período do ano passado. O ICMS está crescendo 4%,
bem abaixo da inflação acumulada medida pelo IPCA, de 9,5%. Já os
repasses da União, somando o Fundo de Participação dos Estados (FPE) e
convênios, apresentam um crescimento nominal pífio de 1%, ainda mais
abaixo da inflação. Além disso, os estados estão impedidos de contratar
novas operações de crédito, inviabilizando novos investimentos.
Enquanto
as novas medidas não são implantadas, o Governo do Estado segue fazendo
seu dever de casa. Desde fevereiro, as ações de contingenciamento nas
despesas de custeio da máquina pública – que objetivam alcançar R$ 920
milhões em 2015 – já resultaram em uma redução nominal de R$ 261,4
milhões na comparação com o que foi gasto em 2014. Os cortes atingem
serviços de consultoria, diárias e passagens, manutenção da frota,
combustível, locação de veículos, licenças de softwares, publicidade,
transferências voluntárias, entre outros. No intuito de evitar medidas
lineares, o Governo do Estado vem estabelecendo limites de consumo para
secretarias e órgãos, olhando caso a caso, no sentido de preservar ao
máximo os serviços à população, especialmente nas áreas de saúde,
segurança e educação.
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