247 - O doleiro
Alberto Youssef confirmou, nesta terça-feira (25), durante depoimento
na CPI da Petrobras, que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) recebeu
dinheiro de corrupção envolvendo Furnas, subsidiária da Eletrobras. "Eu
confirmo (que Aécio recebeu dinheiro de corrupção) por conta do que eu
escutava do deputado José Janene, que era meu compadre e eu era operador
dele", disse o doleiro.
A declaração de Youssef foi resposta a pergunta do deputado federal
Jorge Solla (PT-BA). Solla questionou se houve "dinheiro de Furnas para
Aécio" e Youssef diz que confirmava versão passada anteriormente. Paulo
Roberto Costa disse que não tem conhecimento do assunto.
Em seguida, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) defendeu que o
senador Aécio Neves (PSDB-MG) seja investigado por ter sido citado por
Alberto Youssef. Pelo Twitter, o petista afirmou que os tucanos da CPI
ficaram "perplexos". "Alberto Youssef acaba de confirmar que Aécio
recebeu $$ de Furnas - Aqui na CPI da Petrobras silêncio total de
tucanos perplexos", postou.
"Meia corrupção"
Em seu discurso, Pimenta disse que a atuação da oposição é para que
só “meia corrupção” seja investigada e criticou os trabalhos da CPI que
decidiu por não apurar o pagamento de propina na estatal durante os
governos FHC. Segundo um dos delatores, o esquema de corrupção na
Petrobrás iniciou em 1997, no primeiro mandato do ex-presidente Fernando
Henrique.
“É curioso porque há um esforço por parte de alguns partidos de
tratar esse tema como se fôssemos um bando de ingênuos. Se observarmos
alguns episódios de maior repercussão do governo FHC, vamos ver que o
Alberto Youssef estava lá. Se formos na CPI da Banestado, quem estava
lá? O Youssef e o Ricardo Sérgio. Quem é Ricardo Sérgio? O tesoureiro da
campanha do José Serra. Agora, na denúncia do Janot aparece o Júlio
Camargo juntamente com um cidadão chamado Gregório Marin Preciado. Quem é
o Gregório? Primo do Serra, sócio do Serra. Capítulo 8 da Privataria
Tucana”, indicou Pimenta.
O deputado também reafirmou que as contribuições recebidas pela
campanha da presidente Dilma Rousseff foram legais. De acordo com o
parlamentar, “ninguém é bobo” para acreditar que a mesma empresa que
doava para Dilma fazia porque o dinheiro era “propina”, enquanto as
doações para Aécio - muito maiores - eram feitas por “generosidade” e
por “amor”.
Sobre o esforço do PSDB e do DEM, que ao longo de seus governos se
especializaram em abafar as operações de investigação, Pimenta cobrou um
patamar mínimo de coerência dos parlamentares para que a CPI da
Petrobras tenha alguma credibilidade junto à sociedade. "O PSDB e o DEM
tratam os brasileiros como se fossem uma população sem memória, como se
não conhecessem a história do Brasil e não soubessem quem eles são. Nós
sabemos o que vocês fizeram no verão passado. Vamos investigar a fundo
todas as irregularidades, mas nós não vamos aceitar o PSDB e o DEM como
parâmetros de conduta ética na gestão da coisa pública, porque eles não
são", acusou Pimenta.
Delação
Em depoimento gravado em vídeo, o doleiro Alberto Youssef afirmou que
recolhia propinas na empresa Bauruense, subcontratada de Furnas, para o
deputado José Janene (PP-PR), já falecido. Youssef disse ainda que,
numa das viagens a Bauru, ficou sabendo que a diretoria da empresa,
ocupada por Dimas Toledo, era de responsabilidade do então deputado
Aécio Neves, apontando o senador como beneficiário do esquema. Apesar do
relato, Youssef negou ter tido contato com Aécio, que foi deputado
federal por Minas entre 1987 e 2003. "O partido (PP) tinha a diretoria,
mas quem operava a diretoria era o Janene em comum acordo com o então
deputado Aécio Neves", disse Youssef em fevereiro.
Mesmo depois do depoimento, a procuradoria-geral da República
entendeu que não havia elementos suficientes para abrir uma investigação
contra Aécio no âmbito do esquema Petrobras. Em petição ao Supremo
Tribunal Federal (STF), no começo de março, Rodrigo Janot pediu
arquivamento do procedimento
Nenhum comentário:
Postar um comentário