Da Rede Brasil Atual -
O deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), ex-presidente da seção do Rio
de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), é crítico em
relação à maneira como o juiz Sérgio Moro conduz as investigações da
Operação Lava Jato. Para o advogado, que falou nesta quarta-feira, 5, à
Rádio Brasil Atual, a prisão do ex-ministro José Dirceu "é uma
arbitrariedade, das muitas que essa chamada Operação Lava Jato vem
cometendo". Ele acrescenta que é inadmissível que, em nome do combate ao
crime e à corrupção, se pratique outra ilegalidade.
"Neste momento, não está se falando de culpa ou inocência. A culpa,
ou inocência, é apurada com a tramitação regular do processo, quando
assegurado o devido processo legal. É exatamente o que não se está
assegurando a diversas dessas pessoas, que estão presas antes de serem
punidas. Esse juiz está usando e abusando das prisões preventivas sem
qualquer justificativa para isso", analisou o deputado.
Wadih Damous afirma que José Dirceu não oferecia qualquer risco à
ordem pública ou à efetividade do processo. "Não tinha a menor
justificativa, ele já estava preso", ressaltou o deputado, lamentando a
ação como uma agressão ao estado de direito e à democracia. "O que está
acontecendo hoje é muito triste e preocupante. (...) Não há nenhum valor
que justifique a violação de direitos e garantias fundamentais, a
violação de princípios e valores constitucionais."
O ex-presidente da OAB do Rio disse que os excessos cometidos pelas
autoridades da Justiça e da Polícia Federal podem culminar na anulação
de parte do processo. "Não tenho a menor dúvida de que há nulidades.
(...) O juiz Sergio Moro está se dando por competente em relação a
algumas pessoas para a qual ele não tem competência territorial para
ajuizar à ação penal e para investigar."
"O que está acontecendo no Brasil hoje é que não é só o Direito que
está decidindo. Aliás, o Direito hoje está subordinado a outros fatores,
não só à interpretação da lei. Os grandes tribunais hoje são os
jornais, a grande imprensa, e a chamada opinião pública, ou
'publicada'."
O deputado espera que as instâncias superiores da Justiça possam ter
independência e a objetividade necessária para "decidir, tão somente à
luz do direito, e não à luz de pressões e conveniências conjunturais".
Wadih Damous afirmou que a cobertura da grande imprensa sobre os
casos de corrupção são seletivas e contribuem para incitação da
intolerância, visando a "criminalizar o PT, o governo e, em particular, o
presidente Lula". Para ele, o atentado a bomba ao Instituto Lula, bem
como as agressões sofridas por políticos do PT, se relacionam com esse
clima de ódio instaurado.
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