Por Tereza Crunivel
Silvio Costa (PSC-PE) é o único deputado da Câmara que enfrenta o presidente da Casa
Ele é de um pequeno partido, o PSC, mas age com a desenvoltura dos
caciques das grandes siglas. Seu partido é hesitante mas ele é um
governista mais ativo que muitos petistas. E desde que Eduardo Cunha
tornou-se uma espécie de rei da Câmara, ele tem se destacado como o
único com disposição para enfrentá-lo.
Na quinta-feira, no grande expediente, com Cunha presidindo os
trabalhos, fez um discurso em que se dedicou a conclamar seus pares a
enfrentar o que chamou de poder imperial do presidente da Casa. Acusou-o
de violar frequentemente o regimento e a própria Constituição com
decisões autocráticas nas votações e na direção da Casa. Cunha manteve o
sangue o frio, deixando que seus aliados o defendessem, e até concedeu
mais dois minutos ao atacante para concluir. Nenhum deputado o aparteou
para endossar o que dizia, só para defender o atacado.
Minutos depois começou a votação de uma medida provisória. Como
sempre, Cunha reafirmou que a Câmara não aceitaria qualquer
“penduricalho” da base governista que não guardasse relação com o tema
da MP, que tratava de limites de dispêndios do BNDES. Este é um costume
frequente do governo, o de resolver problemas colocando “contrabandos”
nas MPs. Silvio Costa voltou ao microfone e denunciou como “contrabando”
uma emenda do deputado Leonardo Quintão, do PMDB mineiro e ligadíssimo a
Eduardo Cunha. Ela autorizava a concessão de um empréstimo em condições
especiais, no valor de 50 milhões de reais, a um shopping center do Rio
de Janeiro.
O contrabando, acusou Costa, era assinado pelo mineiro Quintão mas
fora posto para atender a Cunha, que é do Rio. Criado o bafafá, o
presidente da Câmara acabou sendo obrigado a mandar que a emenda fosse
retirada do texto.
Lá fora, disse aos jornalistas que não leva o deputado a sério. Mas Costa quase o tirou do sério ontem.
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