247 - O filósofo
Renato Janine Ribeiro, novo ministro da Educação, evitou falar sobre o
que fará à frente de um dos ministérios mais influentes e poderosos da
Esplanada. Disse apenas que recebeu o convite da presidente Dilma
Rousseff "com satisfação" e que fará uma "imersão" sobre os temas mais
importantes da pasta, que assumirá no dia 6 de abril.
"Até lá, eu vou ter que me dedicar
muito ao tema. Não vou dar declarações até a data porque se trata de um
ministério muito complexo, embora eu conheça a área de educação e já
tenha trabalhado no ministério antes", disse ele. Ao ser questionado
sobre o lema "Pátria Educadora", lançado pela presidente Dilma Rousseff
logo após a vitória eleitoral de 2014, não fez qualquer objeção. "É uma
política de governo da presidente que será mantida", afirmou.
Respeitado pela academia, o filósofo
que se tornou mestre pela prestigiada Sorbonne aos 23 anos e, depois,
doutor pela Universidade de São Paulo, já atuou em áreas ligadas ao MEC.
Foi diretor de avaliação da Capes, fundação do Ministério da Educação,
entre 2004 e 2008. Além disso, foi membro do Conselho Deliberativo do
CNPq, entre 1993 e 1997, do Conselho da Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC), de 1997 a 1999, e secretário da SBPC, de
1999 a 2001. Além disso, publicou 18 livros. Entre eles, "A sociedade
contra o social", ganhador do Prêmio Jabuti 2001.
Com essa bagagem, Janine Ribeiro
chega ao MEC cercado de grandes expectativas. É um nome respeitado pela
academia e que pode reabrir os canais de diálogo entre o governo Dilma e
os intelectuais, no momento em que o PT é alvo de uma escalada de ódio
político.
Na educação, suas ideias são
consideradas arrojadas e ele defende currículos mais abertos, que
estimulem a criatividade dos estudantes. “A educação não termina no
último dia do ensino profissional ou do curso superior — nem nunca”,
disse ele, num artigo recente publicado no jornal Valor Econômico,
destacado pelo blogueiro Josias de Souza (leia aqui).
“Há milhares de profissões”,
afirmou. “No limite, cada um cria a sua. Profissão, emprego, orientação
sexual, estado civil, crenças políticas e religiosas, tudo isso se
combina como um arco-íris felizmente enlouquecido. Ninguém é mais
obrigado a se moldar a um pacote. Mas isso não é fácil, exige uma
interminável descoberta de si e, por que não dizer, coragem pessoal.”
O novo ministro defende, ainda, um
associação cada vez maior entre educação e cultura. “Cada vez mais, a
educação deverá se culturalizar: um, deixando de seguir currículos
rígidos; dois, tornando-se prazerosa; três, criativa.”
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