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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Globo trata como heróis os homens Lava Jato

47 - Antes do julgamento da Ação Penal 470, uma capa de Veja ficou famosa. Era a do "menino pobre que mudou o Brasil", numa referência ao juiz Joaquim Barbosa, que conduziu o caso e, depois dele, trocou a toga pela política. Ao que tudo indica, em 2018, Barbosa será candidato a algum cargo eletivo – talvez até à presidência da República.
Agora, a revista Época, das Organizações Globo, repete a estratégia. A capa desta semana trata dos "homens que estão mudando o Brasil". São eles o juiz Sergio Moro e dois procuradores que compõem a força-tarefa da Operação Lava Jato: Carlos Fernando e Deltan Dellagnol.
Moro e Barbosa têm algo em comum. Ambos foram eleitos pelo Globo como a personalidade do ano do prêmio "Faz Diferença" – Barbosa o recebeu dois anos atrás e Moro será premiado em 2015.
As razões para a eleição dos dois juízes, segundo as Organizações Globo, são o combate implacável à corrupção.
A revista Época, no entanto, não revela aos leitores que os irmãos Marinho têm uma agenda própria no setor de petróleo e de engenharia.
Em editoriais publicados no Globo, a família mais rica do Brasil e também a mais próspera do mundo no setor de mídia (graças ao quase monopólio exercido no País), já defendeu a abertura do pré-sal a empresas estrangeiras, como Shell e Exxon, e a quebra de empreiteiras brasileiras, que, segundo O Globo, deveriam ser declaradas inidôneas, para que o mercado passe a ser ocupado por construtoras internacionais.
Além dos interesses econômicos, há também a questão política. "Existe apenas uma coisa pior do que não combater a corrupção. É você fingir que está combatendo-a, como em 1954 e 1964 – com finalidades inconfessáveis", diz o jornalista Paulo Nogueira, editor do Diário do Centro do Mundo, que já foi diretor de revistas da própria Globo.
Segundo Nogueira, os Marinho querem o impeachment do Dilma e a revisão de toda a política de exploração do petróleo e de conteúdo nacional nas encomendas da Petrobras.

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