Pensões são presenteadas ou vendidas sem que a Previdência possa defender os seus cofres
Jânio de Freitas - Folha de S.Paulo
O
pacotinho que tirou lascas de assalariados e aposentados, e que os
novos do poder fizeram sair como coisa dos antigos, está apanhando muito
mas tem partes corretas e necessárias.
O bom humor de
Delfim Netto ilustra uma delas: "Nesta idade em que eu estou, o que não
falta é moça me querendo. Sou um ótimo partido". Verdade. Sob a pressão
gay, o governo e o Congresso acabaram fazendo mais uma lei incompetente,
que permite a transferência, como herança, de pensão previdenciária até
sem haver união e dependência verdadeiras. Basta um documento
cartorial.
Pensões de
aposentados são presenteadas ou vendidas, por doentes e velhos, sem que a
Previdência possa defender os seus cofres. A solução proposta pela
medida provisória, fixando prazo de união para haver a transferência,
não impede golpes, mas diminuiria o seu número.
O
seguro-desemprego é outra lei incompetente, fonte de trapaças.
Condicionar seguros sucessivos a períodos crescentes de registro de
trabalho, segundo a persistência com que o registrado se declara
demitido, também não resolveria de todo, mas diminuiria as fraudes.
Medidas assim eram
cobradas pela oposição e pela imprensa, mas foram malhadas porque o
mais importante é se prestarem a atacar o governo em sua reviravolta
econômica, como se faltassem outros e melhores motivos.
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