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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Lula reage contra a 'criminalização' do PT

247 - O ato estava programado para deflagrar os preparativos do 5º. Congresso do PT, em junho, mas acabou sendo uma reação do partido às investidas da oposição contra a presidente Dilma Rousseff – alvo de pregações de impeachment e cassação de diploma – e da responsabilização do PT pela corrupção na Petrobrás.  Entre 500 e 600 pessoas lotaram o auditório da LBV, na noite de quarta-feira em Brasília, com o espírito guerreiro de outros tempos, interrompendo os oradores com aplausos e palavras de ordem. Quase todos saíram com um adesivo para colocar no carro: “Dilma, mexeu com ela, mexeu comigo”. Mas foi Lula que incendiou a militância com um discurso enérgico contra o que chamou de “criminalização do partido”.
Afirmando que “se hoje existe investigação, foi porque o PT criou os instrumentos para combater a corrupção neste país”, Lula exortou os militantes a repetirem aos quatro ventos tudo o que foi feito nos governos petistas neste sentido: “A delação premiada é um instrumento criado por nós. A lei foi aperfeiçoada por iniciativa nossa em 2003. O portal da transparência fomos nós que criamos. A Lei do Acesso à Informação fomos nós que aprovamos e implantamos. A Controladoria Geral da República fomos nós que criamos e a ela demos autonomia. O Ministério Público nunca teve tanta autonomia. Nenhum procurador-geral em nossos governos foi chamado de engavetador. A Polícia Federal nunca teve tanto pessoal contratado e tanto equipamento e tantas condições para investigar. A gente reclama das investigações? Não. Nós reclamamos é do esforço para criminalizar o PT, para nos desmoralizar e destruir”.
O ex-presidente lembrou alguns “crimes do PT”: “Ah, o PT cometeu o crime de criar politicas que permitiram o reconhecimento internacional de que a fome neste pais acabou. O PT cometeu também o crime imperdoável de ter promovido a maior transferência de renda de todos os tempos através dos aumentos do salário-mínimo. E também cometeu o crime horrível de abrir as portas das universidades para os que nunca sonharam chegar lá”.  E por aí foi, com sua longa lista de “crimes”, antes de concluir.  “Mas o crime realmente imperdoável foi o fato de a Dilma ter sido reeleita. Nós somos o partido que por mais tempo terá governado este pais. Quando a Dilma concluir seu mandato, terão sido 16 anos no governo. Mas preparem-se porque a batalha será dura. O momento vai exigir de nós muita força. Por isso temos que dar logo uma demonstração de força e disposição de luta com uma grande festa na posse dela”.
E quando vieram, mais uma vez, os gritos de “Volta Lula”, ele cortou: “Ninguém tem que pensar em 2018. Tem que pensar em primeiro de janeiro de 2015, na posse da presidenta Dilma e na resposta que temos que dar ao país. Ela precisa governar. Vamos repetir aquele refrão: Deixem a mulher trabalhar.”
Ao longo da caminhada nem tudo foram acertos, reconheceu. Mas agora é hora de “reencontrar o sonho e a utopia”, buscar a renovação, a juventude, a energia que impulsionou a campanha no segundo turno, reagindo aos ataques e realizando um Congresso aberto ao debate. Retomando o tema da corrupção, protestou: “Eu não sou melhor do que ninguém mas digo com toda segurança. Nenhum deles é mais honesto do que eu. E no PT, quem não tiver compromisso ético, quem não fizer as coisas direito, tem que deixar o partido imediatamente.”
Antes dele falaram o deputado Geraldo Magela, que organizou o evento, o governador Jaques Wagner e o presidente do partido, Rui Falcão. Todos conclamando a militância a resistir “a toda forma de golpismo”.

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