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domingo, 14 de dezembro de 2014

É estratégia. Mas até quando?




Carlos Brickmann
O deputado Jair Bolsonaro, do PP fluminense, certamente tem uma enorme quantidade de defeitos. Mas burro não é. Aquele saco de besteiras que disse à ministra Maria do Rosário, do PT gaúcho, a respeito de estupro, e que eventualmente pode até custar-lhe o mandato, não foi uma frase infeliz, nem algo que lhe tenha escapado: ele mediu cuidadosamente o que diria, para obter a máxima repercussão possível.

A carreira de Bolsonaro, neste momento, mostra sinais de estagnação: reelege-se deputado federal, mas quer mais, e para cima seu caminho está bloqueado. Ao atacar a ministra, procura colocar-se como líder oposicionista. Não da oposição que segue Aécio ou Marina (e que, na Inglaterra, seria chamada de Leal Oposição de Sua Majestade, exatamente por fazer parte da normalidade institucional); mas da oposição que prega a derrubada da presidente.

Já que não há generais que assumam o papel, ele se dispõe a liderar os radicais.
 
Para a Câmara, é uma definição de seu papel político. Punir Bolsonaro pode custar votos aos parlamentares mais próximos dos grupos radicais. Mas deixar pra lá é colaborar com a estratégia do deputado: sempre que quiser holofotes, soltará uma frase inaceitável e manterá seu nome em evidência. O caminho talvez seja afastá-lo sem permitir que vire vítima. E o problema é como fazer isso.

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