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sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Artigo de opinião: Vazios em Pernambuco


Por: *Adriano Oliveira
Ciclos políticos e eleitorais não são perenes. Mas podem vir a ser duradouros. Eventos ocorridos na trajetória possibilitam a perpetuação ou o fim dos ciclos. Getúlio Vargas, por exemplo, liderou ciclos políticos e eleitorais. Sob a sua liderança, o estado brasileiro foi construído e passou por transformações. Vargas conseguiu cativar por logo tempo eleitores, em particular, os trabalhadores.
Eduardo Campos construiu, fortaleceu e consolidou ciclos político e eleitoral em Pernambuco. As ações de Eduardo à frente do governo de Pernambuco possibilitaram a conquista de eleitores. Eduardo, conforme pesquisas qualitativas mostram, obteve a admiração dos sufragistas pela sua capacidade de trabalho e sensibilidade social. O desempenho de Eduardo Campos como político e governador teve a capacidade de influenciar a decisão dos eleitores. Denomino tal capacidade de “eduardismo”.
O eduardismo contribuiu para os sucessos eleitorais de Geraldo Júlio em 2012 e de Paulo Câmara em 2014. Com a morte precoce do governador Eduardo Campos, o eduardismo continuou a existir na memória dos eleitores, pois a admiração por um líder não cessa repentinamente. Porém, ao olhar atentamente para os espaços político e eleitoral em Pernambuco, constato vazios.
A Frente Popular, aparentemente, continua a existir. Quem lidera ou liderará a Frente Popular de Pernambuco? Geraldo Júlio e Paulo Câmara exercem funções executivas. Portanto, teoricamente, serão os líderes. Mas para isto ocorrer, eles precisam estar bem avaliados entre os eleitores.
Caso um esteja bem avaliado entre os sufragistas e o outro não, um ascenderá sobre o outro. E, por consequência, será referência na Frente Popular. A ascendência de um sobre o outro tem condições de gerar conflitos na Frente Popular. Então, o líder que surgir precisará ter a capacidade política para arbitrar os conflitos. Caso não, chances para a implosão da Frente Popular surgirão. Se Geraldo Júlio e Paulo Câmara não conquistarem a admiração de parcela majoritária dos eleitores, aumentam as chances da Frente Popular implodir.
Um grupo, supostamente liderado pelo senador Armando Monteiro, tende a fazer oposição ao governador eleito Paulo Câmara. As desavenças ou a implosão da Frente Popular beneficiam a suposta oposição. Mas quem liderará a oposição ao governador de Pernambuco? O senador Armando Monteiro tem condições de aglutinar parlamentares, em particular do PT, e com isto liderar a oposição?
O PSDB e o DEM estão aptos a liderar a oposição a Geraldo Júlio. Porém, estratégias equivocadas tendem a enfraquecer os seus principais quadros. A ação do PT em Recife é uma incógnita, pois a agremiação carece de novos quadros. E, talvez, o partido não esteja convencido de que a melhor estratégia para 2016 seja a de produzir candidatos neófitos. Um detalhe: desavenças na Frente Popular podem criar líderes oposicionistas advindos da Frente Popular.
A ausência caracteriza as atuais paisagens eleitoral e política de Pernambuco. O eduardismo continua a existir na memória dos eleitores. Mas a sua existência não será suficiente para a manutenção do capital eleitoral da Frente Popular. Diante disto, surge a oportunidade para o surgimento de novas lideranças. Quem será ou quais serão as novas lideranças de Pernambuco?
*Adriano Oliveira é professor e cientista político

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