247 - A revista Veja deste fim de semana traz um mea culpa
de um dos homens fortes da Editora Abril, o jornalista José Roberto
Guzzo, que já dirigiu Veja e Exame, pertence ao conselho editorial da
casa e é um dos responsáveis pelas políticas editoriais do grupo. O
texto, chamado "Errando à luz do sul", confirma a tese da presidente
Dilma Rousseff, que na sexta-feira, falou que a imprensa nacional errou
bastante ao prever um desastre na Copa (leia mais aqui).
Sem rodeios, Guzzo vai direto ao ponto. "É bobagem tentar esconder ou
inventar desculpas: muito melhor dizer logo de cara que a imprensa de
alcance nacional pecou de novo, e pecou feito, ao prever durante meses
seguidos que a Copa de 2014 ia ser um desastre sem limites. O Brasil,
coitado, iria se envergonhar até o fim dos tempos com a exibição mundial
da inépcia do governo para executar qualquer projeto desse porte, mesmo
tendo sete anos para entregar o serviço", diz ele.
"Deu justamente o contrário. A Copa de 2014, até agora, foi acima de
tudo o triunfo do futebol", diz ele. "Para efeitos práticos, além disso,
tudo funcionou: os desatinos da organização não impediram o espetáculo,
os 600 000 visitantes estrangeiros acharam o Brasil o máximo e 24 horas
depois de encerrado o primeiro jogo ninguém mais se lembrava dos
horrores anunciados durante os últimos meses. É a vida", lamenta.
Guzzo reconhece ainda o risco das apostas erradas, como fez Veja ao
prever que os estádios só ficariam prontos em 2038. "A Copa de 2014 é
uma boa oportunidade para repetir que a imprensa erra, sim - mas erra em
público, à luz do sol, e se errar muito acabará morrendo por falta de
leitores, ouvintes e telespectadores. Ao contrário do governo, que
jamais reconhece a mínima falha em nada que faça, a imprensa não pode
esconder suas responsabilidades".
Na última linha, porém, ele faz um alerta. "Esperemos, agora, a
Olimpíada do Rio de Janeiro". Será que Veja vai liderar o movimento
#naovaiterolimpiada?
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