Folha dá água para Alckmin
Por Altamiro Borges, em seu blog
Por Altamiro Borges, em seu blog
O editorial da Folha desta terça-feira (6) é patético. O jornal
garante que não haverá racionamento de água em São Paulo e faz um baita
esforço para isentar o governador Geraldo Alckmin (PSDB) de qualquer
responsabilidade.
Hoje ninguém mais tem dúvida de que o diário da famiglia Frias apoiou
o golpe de 1964 e a ditadura – a própria Folha foi forçada a confessar o
crime. Mas muita gente ainda acha que o jornal “não tem o rabo preso” e
é “imparcial” nas suas coberturas. Para estes ingênuos, o editorial
intitulado “Racionamento afastado” é um tapa na cara: acorda panaca!
A Folha assume que está em campanha pela reeleição do tucano, mesmo
que isto signifique omitir ou ofuscar a grave crise da abastecimento em
São Paulo.
Segundo o editorial, “após a abertura da Parada do Orgulho Gay de São
Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) deixou de lado a hesitação
das últimas semanas e afirmou de modo categórico que não haverá
racionamento de água na capital paulista ao longo de 2014.
Não deixa de ser uma declaração tranquilizadora, sobretudo no momento
em que o volume armazenado do sistema Cantareira, cadente há meses,
atinge meros 10% de sua capacidade útil”. O jornal ainda elogia as
medidas tomadas pelo governo tucano para jogar o colapso do sistema para
o futuro – de preferência, para depois das eleições de outubro. Elas
seriam suficientes, afirma, “para garantir o abastecimento até fevereiro
de 2015”.
De forma indireta, a Folha culpa a “estiagem inusitada” pela crise no
setor – só faltou amaldiçoar Deus e esbravejar contra a natureza – e os
próprios usuários paulistas, que desperdiçam muita água. E conclui com
um apelo dramático: “Baixar a guarda e descuidar da vigilância, de ora
em diante, implica aceitar o risco de que a crise se repita”.
Nenhuma palavra sobre a falta de investimentos na ampliação da
infraestrutura ou na manutenção do setor, que vaza água por todos os
lados. Nenhuma palavra sobre a incompetência e a falta de planejamento
dos tucanos, que governam o mais rico estado da federação há quase 20
anos. Nada sobre o “choque de gestão” (ou indigestão) do PSDB!
No momento em que a Folha publica este editorial risível, o Estadão –
que também é tucano – noticia sem maior alarde que “terceira maior
cidade do Estado (com população menor só que São Paulo e Guarulhos),
Campinas pode iniciar racionamento de água ainda nesta semana.
A vazão do Rio Atibaia, que abastece 95% da população, de 1,09 milhão
de pessoas, caiu para 6,6 metros cúbicos por segundo no fim de semana e
voltou ao nível crítico, segundo a Sociedade de Abastecimento de Água e
Saneamento (Sanasa)”. O jornal ainda informa que “quatro cidades da
região de Campinas – Valinhos, Vinhedo, Cosmópolis e São Pedro –
adotaram oficialmente o rodízio”, o nome fantasia do racionamento.
Como ironiza José Simão, uma das poucas vozes críticas da Folha,
“tucanaram” o racionamento. Nesta mesma terça-feira, ele volta a
esculhambar o “rodízio”, citando uma notícia curiosa: “’Aquário de
Santos registra falta d’água em feriado prolongado’. Acabou a água até
do Aquário! Chamem o Nemo! O ALCKNEMO! Rarará!”. No caso, o governador
“Alcknemo” poderia chamar a Folha para lhe dar água na crise!
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