Nunca o Brasil teve uma eleição presidencial no período pós-ditadura
com tanta previsibilidade como a atual. Em todas as outras disputas
houve temores diversos. Desde receio de medidas estapafúrdias sobre
confisco de poupança e congelamento de preços até um possível desgoverno
na política.
Mesmo as reeleições de Fernando Henrique Cardoso (em 1998) e de Luiz
Inácio Lula da Silva (2006) foram marcadas por pontos de interrogação.
FHC estava prestes a desvalorizar o real. Sobre Lula havia o temor de
que ficasse enredado numa crise institucional por causa do mensalão.
Dilma Rousseff em 2010 era ainda uma incógnita para muitos.
Agora, não. Todos sabem como Dilma governa. Os principais candidatos
de oposição foram governadores –Aécio Neves, em Minas Gerais; Eduardo
Campos, em Pernambuco. Ambos passaram pelo Congresso e têm vasta
experiência na política.
Como consequência, hoje desapareceram do debate temas como confisco
de contas correntes ou outras medidas mirabolantes. Crise institucional
está descartada. Os programas sociais implantados pelo lulismo viraram
consenso. Ninguém ousa pensar em exterminá-los.
Outro lugar-comum, tanto na oposição como entre governistas (estes
admitem apenas em privado), é sobre 2015 ser um período de ajustes para o
Brasil. Será necessário apertar o controle de gastos para que a
inflação volte para o seu curso próximo ao centro da meta –4,5% ao ano.
Nesse cenário, chama a atenção o discurso do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva em um encontro com empresários. Sem dizer nomes, o
petista fez uma comparação indireta entre Eduardo Campos e Fernando
Collor de Mello, o vencedor de 1989. Collor, assim como Campos, era
pouco conhecido no país. “Nós vimos o que deu”, disse Lula, semeando um
certo temor. É uma abordagem reveladora de como será o tom da campanha
até o dia 5 de outubro.
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