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terça-feira, 18 de março de 2014

Artigo homenagem: ENIGMAS DA VIDA


Recife, final de tarde da terça-feira 29 de janeiro de 2008. Toca o telefone celular. É Carlos Xavier, para informar a morte de Cidinho. Primeiro, o choque da notícia. Isto não pode ser verdade! O que teria acontecido? Porque ele teve a vida interrompida no esplendor da maturidade? Depois, angustiado e sem nada poder fazer, fiquei, por um longo tempo, no mesmo lugar, quase imóvel. Há instantes que parecem infinitos e insuportáveis. Ah! Como é difícil lidar com a dor.
Invadido pelo sentimento da perda irreparável, pouco a pouco, começaram a passar na minha mente seus gestos cordiais, seu semblante alegre e comunicativo. Inevitavelmente, lembrei-me do último encontro, ocorrido há poucos dias em Itamaracá. Ali, à beira mar, enquanto tomávamos uma cervejinha, na companhia de Ione (minha esposa), Iolanda (irmã de Ione), Múcio (esposo de Iolanda), Neto, Sávio e Allyson (filhos de Cidinho), iniciamos uma caminhada no tempo, exaltando a alma de Angelim. E que caminhada! Foi um encontro refinado pelo espírito livre e o realismo mágico de nossas raízes angelinenses. Percorremos o vasto mundo das recordações. Tudo seqüenciado harmonicamente com muita sensibilidade. Nesse caminhar, foi gratificante evocar um passado em que alimentávamos os mesmos sonhos e as mesmas esperanças de vida. Naquele dia, a saudade se agigantou e nos fez lembrar, com muita emoção, das festas de São José; das conversas sob a sombra do pau da mentira (árvore localizada no centro da cidade); do TRIO INVENCÍVEL (Cidinho, Lili e Wellington) nas peladas no Clube ARA; dos nostálgicos jogos ostentando a gloriosa e respeitada camisa rubro-verde da ARA (Associação Recreativa Angelinense) sob o sol escaldante de saudosos domingos; dos amigos Willamos e Walter (irmãos), Zelito e Zé de Pedro Vertuosa (irmãos), João Marcos, Flávio de Abel, Miró, Pite e Carrinho de Macedo, só para citar alguns.
Na despedida, marcamos um novo encontro para a data do aniversário da cidade, 06 de junho. Tudo estrategicamente planejado para que neste dia pudesse estar presente o maior número possível dos amigos de infância, além dos familiares de Cidinho, em função de termos definido para esta oportunidade uma homenagem póstuma a dona Zefinha Tavares (mãe de Cidinho).
Afagar estas lembranças funcionou como uma forma de querer trazê-lo de volta à vida. Portanto, resta-nos entender que a nossa esperança cristã compreende a vida, sobretudo como superação de todo sofrimento, mesmo da morte. Os sentimentos habitam a força do sentir.
Viver é muito bom, mas tem momentos que dá vontade de mandar tudo pra bem longe. Como é angustiante aceitar a finitude da vida. Morrer! É a única certeza do nosso futuro. A morte chegará cedo ou tarde, não importa. Dolorosa ou repentina. São assim os mistérios e enigmas da vida. Ah! Que falta você nos faz! Nunca vou esquecer esta data. Sua imagem estará sempre presente nos caminhos do viver. O vivido é finito, o lembrado é infinito
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SAMUEL SALGADO
Angelim, dezembro de 2008.

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