247 – O rastro de destruição deixado pelos atos
de vandalismo disfarçados de protestos contra a Copa do Mundo na capital
paulista deixou uma vítima que tem pouca ou nenhuma alternativa para
recuperar o que perdeu. Trata-se do serralheiro Itamar Santos, que teve o
seu carro (um Fusca) incendiado por baderneiros mascarados quando ele
voltava da igreja na noite do sábado 25.
Cresce agora na internet o movimento #VaiTerFusca – uma forma de
arrecadar recursos para comprar um novo carro para o seu Itamar. Um dos
mentores da campanha, o blogueiro Eduardo Guimarães lembra, em sua página no Facebook,
pela qual centenas de pessoas já confirmaram que querem dar sua
contribuição: "Um fusca 1975 vale o que, uns 5 ou 7 mil? Arrecadamos
isso em um dia, com boa divulgação".
"Cerca de 200 pessoas já se dispuseram - em meu mural - a doar para
comprar outro fusca pro serralheiro que teve o seu incendiado pelos
black blocs. Se cada uma dessas pessoas doar 30 reais está resolvido o
problema", anuncia Guimarães, que rechaça com veemência a versão de que o
culpado pelo incêndio foi o próprio dono do veículo, que teria avançado
sobre uma barricada "por sua conta e risco".
A ideia agora, segundo o blogueiro, é divulgar o número da conta de
Itamar Santos e depositar nela as contribuições ou ainda criar uma conta
especificamente para isso e entregar a ele o dinheiro em mãos. A ideia
ganhou adesão imediata. "Olha que legal. Vamos comprar um novo fusca
para o sr. Itamar.. Pode contar comigo!", escreveu Cidálio Vieira
Santos, no Facebook.
Pânico
Em entrevista ao jornal O Globo, Itamar Santos conta o que passou na
noite do sábado, quando voltava da igreja e deu carona para um senhor e
duas senhoras, seus amigos. No carro, havia ainda uma menina de 5 anos,
que segundo ele, "ficou desesperada, chorou muito e ficou chocada",
assim como sua mãe. "Eles não queriam nem saber quem estava dentro do
carro", declarou.
Itamar relembra o que aconteceu no momento do incêndio: "à frente, eu
vi pessoas com os rostos cobertos e vestidos de preto, colocando fogo
em colchão. Os carros passaram pelo canto da pista. Quando foi a minha
vez, não me deixaram passar. Eu não sei ao certo se jogaram o colchão no
carro, com raiva, ou se o empurraram com o pé, mas ele foi parar na
lateral do carro".
O dono do Fusca afirma ter ficado "com medo dos responsáveis pelo
fogo partirem para cima do carro". "E acelerei", diz. O Fusca era o
único carro de seu Itamar. "Ele servia para ir para a igreja, passear e
carregar meu ferro velho", conta. Além de perder o automóvel, o
serralheiro foi chamado para tirar o que havia sobrado do local, sob
risco de ter de pagar multa. E para isso, ainda pagou um guincho.
A pergunta que não quer calar e que desmoraliza todo e qualquer
"protesto" realizado contra a Copa que terminou em atos de vandalismo
foi feita pelo próprio dono do carro queimado: "O que eu tenho a ver com
a Copa do Mundo? Nem a estádio eu vou
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