Nos últimos dias, o país se surpreendeu com o imenso alarde que a
mídia fez em relação a um crescimento ao redor de 6% nas vendas de Natal
deste ano. Segundo esses meios de comunicação, foi o “pior Natal em 11
anos”. Essa “desgraça” artificial ganhou as primeiras páginas de todos
os grandes jornais no dia seguinte ao Natal.
Apesar de em todos os 11 Natais sob governos do PT as vendas desses
períodos terem crescido fortemente, o aumento de vendas mais modesto
neste ano foi visto pela mídia como sinônimo de “esgotamento” do modelo
de inclusão de pessoas pobres no mercado de consumo de massas, como se
não houvesse mais gente excluída para incluir.
Graças a ajuda-memória do leitor Sergio Kempers, porém,
descobriremos, agora, como era diferente quando quem governava era o
PSDB. Os magros Natais de Fernando Henrique Cardoso eram retratados
timidamente nas páginas internas dos jornais enquanto se amontoavam
desculpas pelo mau desempenho das vendas natalinas.
Nunca se viu vendas de Natal ganharem destaque nas primeiras páginas
de jornais. Pelo contrário. Veja como era o noticiário em matéria da
Folha de São Paulo de 26 de dezembro de 2001, quando o partidarismo e o
servilismo midiático chegou ao cúmulo de dar desculpas para uma retração
geral das vendas de Natal que ficou ao redor de 2%.
*
FOLHA DE SÃO PAULO
26 de dezembro de 2001
Para quem esperava uma queda nas vendas de até 5% em relação a
2000, o Natal deste ano foi bom. A avaliação é do presidente da
Associação Comercial de São Paulo, Alencar Burti, ao prever que as
vendas foram 2% menores do que as registradas no ano passado.
Segundo a associação, o comércio a prazo caiu 6,2% em relação
a 2000, enquanto as compras à vista cresceram 8,1% na mesma comparação.
Os números levam em conta as vendas feitas entre os dias 1º e 24 de
dezembro até as 11h. “O movimento de pessoas aumentou, mas os valores
gastos foram menores. O consumidor está mais racional, mais cauteloso
para comprar a longo prazo.”
Para o consultor em varejo Marcos Gouvêa, as vendas no país
devem ter empatado, na média de todos os setores, com o Natal passado.
Alguns setores, estima, tiveram crescimento de até 15% no seu
faturamento -como confecção, calçados e cosméticos.
A Alshop (Associação dos Lojistas de Shopping do Estado de
São Paulo), também comemora o resultado deste final de ano. Segundo o
presidente da entidade, Nabil Sahyoun, as vendas em dezembro devem ficar
entre 1% e 2% superiores às de dezembro de 2000.
O resultado é inferior ao estimado no início do ano
-esperava-se aumento entre 5% e 6% nas vendas. “Considerando todos os
problemas em 2001, como a crise energética, a situação da Argentina, a
alta do dólar e o terrorismo, podemos dizer que o saldo deste Natal foi
positivo.”
Sahyoun diz que o valor gasto por consumidor nos shoppings
frequentados pelas classes média e alta cresceu entre 10% e 15% neste
ano. “No ano passado, ficou entre R$ 45 e R$ 60. Neste ano, esses
valores foram de R$ 50 a R$ 70.” Segundo ele, isso aconteceu porque
muitos consumidores, com medo das ameaças de atentados em 2001,
cancelaram viagens ao exterior e usaram o dinheiro na compra de
presentes.
Para a superintendente do Shopping Interlagos, Carla Bordon
Gomes, ao deixar de viajar, o consumidor gastou com presentes mais
caros, como DVDs e TVs de 29 polegadas.
Segundo o gerente de marketing do Shopping Central Plaza,
Wilson Franciscão, as compras deste ano também foram mais planejadas.
“Na semana, entre os dias 17 e 21, o consumidor pesquisou muito. De
sábado até o dia 24 comprou.”(do blog da cidadania)
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