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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Nem as agências de risco caem na histeria da mídia

247 - A torcida de alguns meios de comunicação para que a classificação de risco do Brasil seja reduzida é bastante grande. Como se sabe, no governo Lula, a nota atribuída ao País por agências como Standard &Poors (S&P) e Moody's saiu de um nível de quase insolvência para o chamado "grau de investimento", reduzindo custos de captação externas para empresas e o próprio governo brasileiro. Essa conquista, segundo parte da mídia, estaria ameaçada em razão do suposto descontrole fiscal brasileiro – algo que os números desmentem (leia aqui).
Ontem, a primeira ameaça foi levantada pelo jornal britânico Financial Times, que tem feito campanha sistemática contra a política econômica. Em seguida, ganhou repercussão no site de Veja e em outros veículos de comunicação. O tom ecoava a manchete alarmista da Folha sobre a "desconfiança" no governo Dilma. Mas ontem mesmo, no entanto, uma diretora da S&P, Lisa Schineller veio a público para colocar água na fervura. "O Brasil teve uma melhora importante na última década e está sendo subestimado", disse ela. O risco apontado pelo Financial Times, de que o Brasil seja o primeiro BRIC a perder o grau de investimento, também foi descartado. "A Índia tem nota BBB-, com perspectiva negativa, e está mais perto do que o Brasil", disse ela.
Lisa também afirmou que não há nenhuma perspectiva de mudança iminente de mudança na nota de risco do Brasil – nada acontecerá em menos de um ou dois anos, disse ela. Ou seja: ainda que alguns meios de comunicação tentem convencer o mundo de que o Brasil é pior do que realmente é, as agências de risco não pretendem cair na histeria.
Abaixo, nota da Reuters a respeito:
S&P diz que pode esperar eleição para decidir sobre rating do Brasil
RIO DE JANEIRO, 6 Nov (Reuters) - A agência de classificação de risco Standard & Poor's afirmou nesta quarta-feira que pode esperar a eleição presidencial no Brasil, em outubro do ano que vem, para decidir se corta o rating de crédito do país.
Minimizando temores de que o Brasil poderia perder sua classificação "BBB" no início de 2014, a analista da S&P Lisa Schineller disse que a agência pode querer aguardar a eleição para deliberar sobre a perspectiva negativa de crédito atribuído ao Brasil em junho.
"Se as coisas não parecerem bem, mas se mantendo, pode ser que queiramos aguardar para ver os sinais que virão do novo governo", disse ela em entrevista por telefone. "É claro que poderíamos agir (antes) se as coisas ficarem realmente piores."
O Brasil é avaliado no segundo menor nível de grau de investimento pelas três maiores agências de classificação de crédito, incluindo a Fitch Ratings e a Moody's Investors Service, mas apenas a S&P atribuiu uma perspectiva negativa ao país.
Há temores crescentes de um possível rebaixamento soberano do país desde que o governo apresentou um déficit primário inesperado de 9,05 bilhões de reais em setembro, o maior em quase cinco anos.
Preocupados com a deterioração do desempenho fiscal brasileiro, os investidores têm punido o real muito mais do que outras moedas de países emergentes, já que especulam que uma redução do crédito poderia ocorrer mais cedo ou mais tarde.
Schineller disse que, embora os últimos números fiscais "não sejam positivos", a S&P geralmente leva de 18 a 24 meses para tomar uma decisão sobre os ratings após a revisão das perspectivas.
"Não é uma decisão iminente, se virmos que está se aproximando, colocaríamos o rating em observação", disse ela.
A S&P saudou as últimas promessas do governo de evitar manobras contábeis para cumprir suas metas fiscais, mas afirmou que isso não é suficiente.
"Essas palavras são importantes, mas nós também queremos ver a execução", disse Schineller.
(Reportagem de Walter Brandimarte)

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