A queda de 27 pontos percentuais, em um período de três semanas, na
avaliação popular do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) deixou a
petista e seus aliados assustados. Os números apresentados no fim de
semana pelo Instituto Datafolha levaram a chefe de Estado a reunir
ministros, pedir celeridade na implementação de ações que atendam às
reivindicações das manifestações pelo Brasil e, prontamente, a ensaiar
os primeiros passos de um processo de estancamento da atual crise.
Analistas alertam que o momento é delicado, mas fazem a ressalva de que
ainda há muito tempo para Dilma colher os frutos (leia-se na eleição) de
medidas que, no momento, ainda não foram bem digeridas pelos
brasileiros.
Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco, a
professora Juliana Vitorino frisa que qualquer gestor público que seja
avaliado nas atuais circunstâncias apresentaria uma queda semelhante à
apresentada por Dilma Rousseff. “Não é algo relacionado só a Dilma. O
que as ruas nos mostram vai muito além. É momento que seria atravessado
por qualquer um que estivesse à frente do Governo. Há uma contestação
popular que é geral e ela, por ser a presidente, é amais atingida”,
atestou.
Contudo, Juliana Vitorino observa que Dilma precisará empreender uma
agenda que afaste uma provável futura relação da atual tensão urbana com
a sua própria imagem. A cientista política analisa que, se isso
ocorrer, a petista não teria o know how do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, por exemplo, para reverter um quadro assim.
“Quando a avaliação de Lula e do seu governo caíram, em meio à crise
do mensalão, em 2005, houve uma distinção popular entre a imagem da
gestão e do próprio presidente, que é muito forte. No caso da Dilma, que
não goza do mesmo poder, a ligação entre sua imagem e o governo é
maior”, indicou a docente.
Já o cientista político e professor da Universidade Católica de
Pernambuco Heitor Rocha pontua que a aposta feita por Dilma na
convocação popular, através de um plebiscito, para a materialização da
tão sonhada reforma política pesará em favor da petista. “A oposição
optou pela defesa do referendo, deixando a população de fora do processo
de construção da reforma política. É uma opção à direita, com o povo
apenas referendando uma decisão do Congresso. Dilma convocou a
participação popular de fato, algo que terá um peso considerável na
avaliação que será feita em um momento mais ameno. Ela tem tudo para se
recuperar e tentar, em outras condições, a sua reeleição”, cravou.(blog da folha)
Nenhum comentário:
Postar um comentário