Por Altamiro Borges
Antes de concluir o seu sinistro mandato na Procuradoria-Geral da
República, Roberto Gurgel aprontou mais uma das suas. Pela primeira vez
na história do órgão, ele afastou uma titular por discordância de
opinião – o que só confirma a sua postura autoritária. A subprocuradora
Deborah Duprat, que ocupava o segundo cargo mais importante na
hierarquia do Ministério Público Federal e é candidata à sua sucessão no
PGR, foi dispensada nesta terça-feira. Na semana passada, ela divergiu
publicamente de Gurgel no debate sobre o projeto em tramitação no
Supremo Tribunal Federal (STF) que inibe a criação de novos partidos.
Como resposta, ela foi simplesmente defenestrada!
O procurador-geral, que termina seu mandato em agosto, justificou a
truculenta medida afirmando que o “relacionamento institucional se
evidenciou insuficiente”. Defensor do parecer do ministro Gilmar Mendes,
que garante aos novos partidos acesso ao fundo partidário e ao tempo de
tevê, Roberto Gurgel ficou irritado com a posição divergente da
subprocuradora. “Além de afastá-la do cargo, Gurgel protocolou petição
no STF ontem para que os ministros desconsiderem a manifestação de sua
substituta e que seja esquecido ‘qualquer pronunciamento em sentido
diverso’ ao dele”, descreve a Folha de hoje.
O afastamento sumário confirma o grau de partidarização a que chegou o
PGR no triste reinado de Roberto Gurgel. Para bancar suas posições
políticas, sempre próximas às das forças de oposição ao governo Dilma, o
procurador-geral nem vacila em manchar mais uma vez a sua já degradada
biografia. No julgamento do chamado “mensalão do PT”, ele virou um dos
heróis dos demotucanos e da sua mídia. Não comprovou nenhuma das suas
acusações, mas ganhou os holofotes da imprensa oposicionista. Agora, ele
deixa o cargo com mais esta atitude truculenta e antidemocrática.
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