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sexta-feira, 26 de abril de 2013

ARTIGO DE OPINIÃO : CAROS AMANTES DE GARANHUNS



  Alguns tecnocratas andaram anunciando, como decisão de Governo, uma 
desastrada intervenção no encaminhamento do traçado da duplicação da 
BR-423 (São Caetano-Garanhuns), ação da maior importância para todo o 
Agreste Meridional que é imensamente grato ao Governador Eduardo Campos 
pela decisão governamental de implantar essa duplicação.
Entretanto, alguma coisa está destoando da extraordinária iniciativa. 
No dizer do poeta, “as cidades nascem dos sonhos” e esses sonhos não 
podem ser destruídos por uma insensibilidade burocrática. Os luminares 
de engenharia rodoviária e urbanística recusam-se considerar a absoluta 
e inarredável necessidade de inclusão, no projeto executivo, de uma alça 
de contorno à cidade de Garanhuns, sob a medíocre alegação do alto custo 
da obra e, com isso, pretendem DESPEJAR o consequente adensamento de 
tráfego em uma via urbana da cidade que acarretará – sem qualquer dúvida 
– na destruição de uma boa parte de Garanhuns. Isso é uma prática 
predatória, gerada por técnicos ainda aferrados a conceitos medievais, 
que nenhuma cidade do mundo atual admite mais.
Claro que essa alça proposta faria parte de um anel rodoviário 
contornando a cidade para racionalizar a capilarização de um importante 
entroncamento rodoviário, com fulcro em nossa cidade e que não está 
sendo devidamente avaliado. Claro que, para sua construção, não se pode 
atentar, apenas, para o seu custo, mas, sobretudo, para os seus aspectos 
técnicos, econômicos, sociais, políticos, urbanísticos, ambientais, 
mobilidade urbana (o mal do século), qualidade de vida, etc. não podendo 
se ater a mesquinhos indicadores de custo , sem avaliar sua 
economicidade.
Por falar em economicidade, os técnicos “esquecem” de observar a 
circunstância de que TODA A FAIXA DE DOMÍNIO DA ESTRADA A SER DUPLICADA 
ENCONTRA –SE PRESERVADA NAS MESMAS CONDIÇÕES DE SUA DESAPROPRIAÇÃO 
OCORRIDA HÁ MAIS DE TRINTA ANOS, ainda no governo Nilo Coelho. O custo, 
portanto, para desapropriações do percurso é SIMPLESMENTE ZERO. 
Excetuam-se, logicamente, as intervenções de interseção das estradas e 
acessos a cidades ao longo do seu trajeto, que existirão de qualquer 
modo e que evidenciam a significativa economicidade do projeto.
São importantes, portanto, algumas observações:
ENTRONCAMENTO RODOVIÁRIO:
Cruzam em Garanhuns algumas rodovias alcançando cidades importantes no 
contexto nordestino:
a) A própria BR-423, com início em São Caetano servindo em seu trajeto: 
Cachoeirinha, Altinho, Ibirajuba, Lajedo, São Bento do Una, Belo jardim, 
Canhotinho, Jupí, Jucatí,  Calçados, Vila de Neves, Vila de São Pedro, 
Paranatama, Saloá, Iatí, Aguas Belas,  Itaíba, Tupanatinga, Buique e 
Arcoverde; daí em diante cruza todo sertão alagoano, até alcançar a 
cidade de Paulo Afonso na Bahia.
b) A PE-177, com início em Palmares, servindo em seu trajeto: Catende, 
Belém de Maria, Lagôa dos Gatos , Vilas de Laje Grande e Batateiras, 
Jaqueira, Maraial, São Benedito do Sul, Quipapá - onde alcança a BR-104 
ora em duplicação - , Panelas, Cupira, Agrestina, Caruarú, Canhotinho, 
Anjelim, Palmeirina e São João.
c) A BR-424, com início na Região do Pajeú, servindo em seu trajeto 
Arcoverde, Pedra, Venturosa,Caetés,  Capoeiras, Vila de Poço Comprido, 
Correntes e entra no Estado das Alagoas em Santana do Mundaú até 
alcançar Maceió.
d) PE-218, que já está a exigir também sua duplicação, com início em 
Garanhuns, servindo em seu trajeto Brejão, Terezinha, Bom Conselho, até 
alcançar a divisa com o Estado das Alagoas no município de Palmeira dos 
Índios.
Desnecessário realçar que a duplicação da BR-423 resultará em forte 
incremento do tráfego nessas rodovias que se entrelaçam no entroncamento 
de Garanhuns, com reais danos e uma breve saturação da área urbana de 
Garanhuns.
ÁREA ATINGIDA PELA MANUTENÇÃO DO ATUAL TRAÇADO:
A BR-423, a manter-se o projeto, prejudicará uma parte substancial da 
cidade, sendo de relevar-se que ali já se encontram atividades de 
intensa movimentação viária, tais como o campus da Universidade de 
Pernambuco, o campus da Universidade Federal Rural de Pernambuco e sua 
Clínica de Bovinos, o quartel do 71º B.I. e provável quartel do Batalhão 
da Polícia já em estudos, a U.P.A.E. com inauguração para dentro em 
breve, o Shopping Center já em construção e vários condomínios 
residenciais (privês) de alta qualidade.
Ressalte-se, ainda, que nesse trecho urbano a ser invadido pela 
duplicação, existem dois boqueirões profundos submetidos à uma erosão 
constante, sendo que o último deslizamento ocorrido em um deles, 
interditou uma faixa de tráfego que, dada a sua dimensão, levou alguns 
anos para ser reparado e, mesmo assim, já apresenta um novo afundamento 
da pista. Imagine-se o que vai acontecer com o alargamento resultante de 
sua duplicação.
Os danos serão irreparáveis para o desenvolvimento ordenado de sua área 
urbana; o prejuízo inevitável para sua mobilidade; a necessidade de 
construção das “famigeradas passarelas” de pedestres, obedecendo a uma 
tradicional e perversa prioridade uma vez que não permite sua utilização 
por quem mais precisa: os deficientes físicos e idosos que continuarão 
obrigados a atravessar a pista atropelando os veículos; a importuna 
construção das inevitáveis “lombadas” que dificultarão a rapidez do 
tráfego dos veículos que ultrapassarem Garanhuns em demanda às cidades 
do entorno; a lentidão do trânsito que prejudicará também os veículos de 
toda a região na sua ultrapassagem e o inexorável aumento dos acidentes 
que resultarão em mortes e incapacidades físicas e aí ninguém esqueça 
que estamos tratando de VIDAS HUMANAS.
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO:
As cidades não são pensadas apenas para o presente e a falta de 
previdência pode ser destruidora. É pacífico que precisamos planejá-las 
pensando no futuro para que não mais ocorram os desastres urbanos já 
provocados, bem como e, sobretudo, o alto custo das alternativas a que 
estão obrigados os gestores de agora para reparar os erros dos 
governantes de outrora, de que são exemplos:
a) O Arco Metropolitano composto por uma auto-estrada com cerca de 70 
quilômetros para contornar o Recife, que o governo Eduardo Campos está 
encarando para corrigir um erro do passado, a um custo altíssimo de 
desapropriações, na medida em que atravessa uma região de grande 
valorização imobiliária e sem contar o prejuízo já causado à cidade pelo 
atual traçado da BR-101. Os jornais do dia 26 de março divulgaram 
fartamente que essa obra custará a “bagatela” de R$1.200.000.000,00 (um 
bilhão e duzentos milhões de reais), enquanto os 76 quilômetros da 
duplicação da BR-423 custarão apenas R$450.000.000 (quatrocentos e 
cinqüenta milhões de reais), ou seja, cerca de 1/3 do custo desse arco 
rodoviário;
b)  O incrível viaduto de Cinco Pontas, na cidade do Recife, uma 
verdadeira aberração da engenharia de trânsito e urbanismo, que está a 
exigir uma reformulação integral da área, incluindo a sua demolição;
c) O primor de má-concepção dos dois viadutos em frente ao Aeroporto do 
Recife, que desembocam os seus escapes em corredores de gelos baianos, 
sem falar nos inúmeros conflitos criados nos seus acessos e saídas;
d) Todos lembram que a decisão sobre a construção do túnel e do maior 
viaduto do Nordeste, na transposição da Russinha pela duplicação da 
BR-232, somente foi tomada durante a construção. A solução foi 
encontrada no decorrer da obra e, independentemente do seu custo, na 
Russinha foi possível e porque em Garanhuns a solução tem que ser a MAIS 
BARATA, mesmo sendo de qualidade discutível e custando a degradação da 
cidade?
e) Mesmo com essa solução da Russinha, não se tangenciou a cidade de 
Gravatá que resultou invadida e devastada pela duplicação e tem hoje 7 
(sete) quilômetros de auto-estrada interditados para velocidades 
superiores a 40 quilômetros e vale lembrar que em dias de festas (que 
são constantes) a estrada fica totalmente engessada. A cidade de Gravatá 
tem tolerado esse absurdo porque a maioria da população à margem da 
estrada não vive lá e não tem qualquer relação de amor a terra, 
frequentando-a apenas em fins de semana.
f) Da mesma forma em que se critica a desastrada travessia de Gravatá, 
ressalte-se a eficiente transposição de Vitória de Santo Antão, 
tangenciando a cidade sem criar-lhe danos e implantando novos focos de 
desenvolvimento para a região. Recentemente, o Jornal do Commercio em 
sua seção de Economia destacou o que já denomina de “Complexo Industrial 
que se formou nos municípios de Glória do Goitá, Pombos e Vitória de 
Sto. Antão” com uma movimentação naquelas cidades na ordem de 4,3 
milhões de reais mensais e significativa geração de empregos.
g) Em Caruarú, que tem apenas uma única interseção com a BR-104, já foi 
concluído o anel de contorno da cidade. Porque em Garanhuns não se 
elabora, desde logo, o projeto completo do anel rodoviário e mesmo que 
sua construção não se complete agora pela (alegada) escassez de 
recursos, que se faça a transposição da cidade mediante sua 
ultrapassagem em direção a Paulo Afonso através de um tangenciamento 
desde logo enquadrado no projeto original. O resto se faz depois, à 
medida em que sua necessidade se imponha através do desenvolvimento das 
estradas integradas e da própria cidade;
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DE GARANHUNS:
Esqueçamos, no episódio, a nossa baixa-estima e vamos pensar grande e 
esta é a grande questão. A implantação do arco rodoviário da cidade de 
Garanhuns, além de todas as razões de natureza técnica já expostas, 
expõe a possibilidade de um desenvolvimento ordenado, no seu entorno, de 
uma nova fronteira de expansão da cidade, recomendada por sua 
localização afastada da zona residencial, em que se abrigaria um pólo 
industrial e de serviços, preservando-se de antemão o meio-ambiente e 
estabelecendo-se as normas legais de proteção da utilização dos seus 
espaços.
Seriam incluídos na elaboração deste mega-projeto: um distrito 
industrial; um espaço consentâneo para eventos (todos proclamam que a 
cidade não suporta mais a magnitude do Festival de Inverno e discutem a 
ampliação da praça de eventos atual); um centro comercial incluindo mais 
um shopping center; um centro de artesanato; um centro de convenções 
articulado com um hotel, ambos de nível internacional (os jornais do 
último domingo - 21.04 - dão notícia que o Centro de Convenções do 
Recife já está comprometido até 2015); uma unidade de qualificação 
profissional compatível com a demanda do projeto e reserva das áreas de 
estacionamento necessárias para todas essas atividades.
Considere-se o baixo custo da área a ser utilizada, diferentemente dos 
espaços urbanos centrais, que facilitaria sobremodo as eventuais 
desapropriações que se fizessem necessárias para sua implantação e, 
ademais, a multiplicidade das atividades permitiria a sua implantação de 
forma gradual, favorecendo a identificação, garimpagem e busca dos 
investimentos privados bastantes à sua execução.
Não se pode esquecer nessas considerações a necessidade de prever, nos 
referidos polos, a construção de conjuntos residenciais para abrigar os 
trabalhadores neles envolvidos, assegurando-lhes residência próxima aos 
locais de trabalho, com baixo custo e dispensando transporte coletivo em 
distâncias longas que resultam em estressante perda de tempo e, ademais, 
com essa providência, seria evitado o grave problema da FAVELIZAÇÃO, 
sempre recorrente nos projetos de desenvolvimento , mal ou sem 
planejamento adequado.
Com a necessária antecipação, em tarefa conjunta do Estado e do 
Município, seria elaborado um macro-projeto para essa nova fronteira que 
estabeleceria no seu planejamento todos os requisitos, demandas e 
distribuição espacial sem essa estúpida invasão da área urbana da 
cidade, com reais danos à qualidade de vida da população que todos temos 
a obrigação de preservar, para sua execução no prazo adequado às suas 
necessidades e possibilidade de captação de recursos.
CONCLUSÃO
Não sou autoridade nessa matéria, mas assumo a ousadia e a vaidade de 
intrometer-me na questão em face do nosso pioneirismo (eu e outros 
companheiros do Partido) no trato dessa questão, ainda em janeiro de 
2012 em uma das famosas reuniões promovida pelo nosso PSB de Garanhuns, 
quando se discutiu amplamente a questão do projeto de duplicação da 
estrada São Caetano-Garanhuns. Considero lamentável que as nossas 
autoridades constituídas e legitimadas pelas eleições de 2012 aceitem, 
passivamente, a desastrada iniciativa, conforme se comprovou na 
audiência pública dirigida pela Secretaria de Transportes. Elas foram 
omissas e lenientes diante da anunciada maldade que se pretende fazer 
com nossa terra.
a) IVAN RODRIGUES

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