A
América Latina de Luto
Desde o último dia 5 de
março, a América Latina está de luto pela morte de um de seus maiores líderes,
o presidente da Venezuela Hugo Chávez. Com a morte de Chávez, a América Latina
fica órfão de um político que, assim como SimónBolívar, sonhou com a integração
de todo continente. Foi Chávez, que criou em 2011, a Celac (Comunidade de
Estados Latino-americanos e Caribenhos), agrupando, pela primeira vez, a 33
nações da região, que assim se emancipam da tutela dos Estados Unidos e do
Canadá. O que sempre moveu Chávez foi esse sonho de integração dos países
latino-americanos e que seu povo tivesse uma vida mais digna sem ser explorado por
suas elites que servem como cordeirinho aos Estados Unidos.
Ele também participou da
criação da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América) em 2004.
Nessa organização integradora, em que participam oito países, colocou-se o ser
humano no centro do projeto de sociedade, com o objetivo de lutar contra a
pobreza e exclusão social. Dentro de seu país, Chávez fez uma grande revolução.
A Venezuela antes de Chávez possuía uma população, em que 70% dela viviam
abaixo da linha de pobreza. Isso era algo revoltante já que o país possui uma
das maiores reserva de petróleo do mundo (alguns estudos já dizem que é a
maior) e seu povo vivia na miséria extrema.
Com a chegada de Chávez no
poder, ele passou a redistribuir a riqueza do país com os mais pobres. Fez um
grande acordo com Cuba em que mandou petróleo barato para a ilha e recebia em
troca médicos e professores. E foi com esses médicos e professores que ele
criou as chamadas Missões. E com as Missões, ele implementou a universalização
do acesso à educação que ensinou 1,5 milhões de venezuelanos aprenderem a ler e
escrever. Com o resultado desse trabalho é que em dezembro de 2005, a Unesco
decretou que o analfabetismo havia sido erradicado na Venezuela.
Quanto à saúde, foi criado
um sistema nacional público que garante o acesso gratuito a todos venezuelanos
(nos Estados Unidos não há sistema gratuito de saúde, quem adoecer tem que
pagar). Houve uma redução da mortalidade infantil de 49%, passando de 19 a cada
mil para 10 a cada mil. São muitos os números sobre a Venezuela na época de
Chávez, mas seu maior legado foi a reconstrução da autoestima de seu povo e,
porque não dizer, do povo latino-americano, visto que suas ideias contagiaram
todo o continente e influenciaram eleições como a do Equador, Bolívia, Nicarágua,
Argentina, Uruguai e Paraguai.
Para seus críticos, ele não
passava de um ditador que governou por vários anos a Venezuela. Ora, se isso
for ser ditador, a Inglaterra é um país ditatorial, pois a primeira – ministra
Margareth Thatcher governou esse país por 11 anos sendo reeleita várias vezes. Seu
sucessor Tony Blair governou por 10 anos nem por isso ninguém viu nenhuma nota,
nessa mesma imprensa golpista, acusando esses primeiros-ministros de ditadores.
O acusam de ter mudado a Constituição da Venezuela para poder se candidatar
várias vezes, mas também não se ouve nada na imprensa contra Fernando Henrique
que mudou nossa Constituição para poder também se candidatar. E o mais grave,
comprando o voto dos deputados para poder aprovar a emenda constitucional da
reeleição.
Chávez Participou de 16
eleições e venceu 15. Fez um referendo no meio de um dos mandatos para saber se
a população queria que ele continuasse e venceu (coisa que nenhum país tem). Mas
pode dizer que ele manipulava esses resultados. No entanto, isso não é verdade,
pois todas as eleições na Venezuela eram fiscalizadas por observadores
internacionais como a ONG Centro Carter do ex-presidente dos Estados Unidos
Jimmy Carter, que chegou a dizer que o sistema eleitoral da Venezuela era o
melhor do mundo.
Esse “ditador” mudou seu
país para melhor. A ONU reconhece que a Venezuela tem hoje o melhor índice GINI
da América Latina, que está em 0,41(quanto mais perto de 1 é pior) e zero de
analfabeto. O que será que esse homem faz para ser tão odiado por uma minoria
elitista? Primeiro ele contrariou os interesse da maior potência do mundo, os
Estados Unidos, quando reestabilizou a PDVSA (empresa de petróleo) e com isso
direcionou todo lucro dessa empresa para benefício do seu povo. Passou a fazer
a reforma agraria (até hoje o Brasil tenta fazer) e fez redistribuição de
renda. Tudo isso revoltou a elite reacionária da Venezuela e da América Latina
que não queriam que seus ideais se espalhassem pelo continente. Esse foi Hugo Chávez Frias, um líder, um
sonhador, um homem do povo e um das Américas. Faço minhas
as palavras ditas pelo povo venezuelano durante seu velório “eu sou Chávez,
todos somos Chávez.
Texto escrito pelo colaborador do blog: Professor José Fernando da Silva, Graduado em História pela UPE: Garanhuns-PE.
Texto escrito pelo colaborador do blog: Professor José Fernando da Silva, Graduado em História pela UPE: Garanhuns-PE.
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