Do: blog de jamildo
Leia carta enviada pelo sociólogo Adelson Borba Cavalcanti sobre a
polêmica em torno do relacionamento de Cajá com Dom Helder Câmara:
A ilustre deputada Terezinha Nunes insiste em atacar Cajá, cometendo um
grande equívoco em propagar a visão distorcida dos fatos cujo o único
beneficiário só pode ser a direita.
Fui militante estudantil na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) no período e, pessoalmente, junto com outros colegas, percorri as salas de aula para denunciar as torturas sofridas por Cajá e convocando uma assembleia. Os estudantes de pronto atenderam aos nossos apelos e compareceram em massa, cerca de 4 mil pessoas, realizando a maior assembleia dos estudantes da Unicap até o dia de hoje. Tive a honra de usar da palavra, pedindo apoio e solidariedade há mais uma vítima da violência da ditadura militar, que corria sério risco de vida.
Fiz e sinto orgulho desta pequena contribuição que eu dei na época. Faria de novo, pois conheço Cajá há 35 anos, sei o seu caráter e me senti igualmente ofendido, pelas insinuações da senhora Terezinha Nunes, tentando contrapor a sua figura a de Dom Helder. Assisti à missa celebrada pelo nosso grande Dom Helder, que contou com a presença solidária da grande cantora Elis Regina, uma semana depois dos tais bilhetes publicados pelos torturadores.
O próprio regime militar transferiu os responsáveis pelo truculento processo contra Cajá e as entidades das quais Cajá atuava para cidades de menor importância. O delegado Galdino foi substituído pelo delegado especial Paulo Sete Câmara e o auditor também foi rebaixado para uma instância menor, logo após o julgamento de Cajá. Portanto, as trapalhadas foram deles, nunca de Cajá.
Conheci pessoalmente Dom Helder, que nos recebeu gentilmente em comissão dos estudantes da Católica, que lutávamos, imaginem, para voltar a ter os seus diretórios acadêmicos e o seu DCE. Nunca ouvi qualquer declaração do nosso grande arcebispo ou de pessoas ligadas à igreja que não fossem de solidariedade a Cajá, por ele ter correspondido no momento mais difícil num ser humano que é câmara de torturas, ter mantido a fidelidade e lealdade a todos os amigos da Diocese, do movimento estudantil, do setor jovem do MDB e ao seu próprio partido.
Fica a pergunta. Por que a Sra. Terezinha Nunes insiste em subestimar a enorme inteligência e sabedoria de Dom Helder tentando apresentar apenas como um misericordioso, passando o entendimento que se tratava de uma personalidade ingênua?
Dom Helder merece mais respeito pela solidariedade ativa que ele empreendeu a todos os perseguidos pela Ditadura independente da sua ideologia e da sua sigla partidária.
Atenciosamente,
Adelson Borba Cavalcanti, sociólogo, empresário e ex-presidente do DCE da Unicap período 80/81.
Fui militante estudantil na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) no período e, pessoalmente, junto com outros colegas, percorri as salas de aula para denunciar as torturas sofridas por Cajá e convocando uma assembleia. Os estudantes de pronto atenderam aos nossos apelos e compareceram em massa, cerca de 4 mil pessoas, realizando a maior assembleia dos estudantes da Unicap até o dia de hoje. Tive a honra de usar da palavra, pedindo apoio e solidariedade há mais uma vítima da violência da ditadura militar, que corria sério risco de vida.
Fiz e sinto orgulho desta pequena contribuição que eu dei na época. Faria de novo, pois conheço Cajá há 35 anos, sei o seu caráter e me senti igualmente ofendido, pelas insinuações da senhora Terezinha Nunes, tentando contrapor a sua figura a de Dom Helder. Assisti à missa celebrada pelo nosso grande Dom Helder, que contou com a presença solidária da grande cantora Elis Regina, uma semana depois dos tais bilhetes publicados pelos torturadores.
O próprio regime militar transferiu os responsáveis pelo truculento processo contra Cajá e as entidades das quais Cajá atuava para cidades de menor importância. O delegado Galdino foi substituído pelo delegado especial Paulo Sete Câmara e o auditor também foi rebaixado para uma instância menor, logo após o julgamento de Cajá. Portanto, as trapalhadas foram deles, nunca de Cajá.
Conheci pessoalmente Dom Helder, que nos recebeu gentilmente em comissão dos estudantes da Católica, que lutávamos, imaginem, para voltar a ter os seus diretórios acadêmicos e o seu DCE. Nunca ouvi qualquer declaração do nosso grande arcebispo ou de pessoas ligadas à igreja que não fossem de solidariedade a Cajá, por ele ter correspondido no momento mais difícil num ser humano que é câmara de torturas, ter mantido a fidelidade e lealdade a todos os amigos da Diocese, do movimento estudantil, do setor jovem do MDB e ao seu próprio partido.
Fica a pergunta. Por que a Sra. Terezinha Nunes insiste em subestimar a enorme inteligência e sabedoria de Dom Helder tentando apresentar apenas como um misericordioso, passando o entendimento que se tratava de uma personalidade ingênua?
Dom Helder merece mais respeito pela solidariedade ativa que ele empreendeu a todos os perseguidos pela Ditadura independente da sua ideologia e da sua sigla partidária.
Atenciosamente,
Adelson Borba Cavalcanti, sociólogo, empresário e ex-presidente do DCE da Unicap período 80/81.
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