Páginas

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

ARTIGO DE OPINIÃO : QUEM SERÁ O CANDIDATO DA DIREITA ?

Por Ayrton Maciel, do Jornal do Commercio, especial para o Blog de Jamildo
 
Fim de festa. Carnaval é página virada. Começa 2013. Traz nos meandros e nas entrelinhas da política uma pergunta irrespondível, hoje: quem será o candidato da direita, em 2014? Véspera de ano presidencial, no País está colocada uma candidatura – supostamente sólida, exceto que lhe caia uma hecatombe econômica –, enraizada socialmente e consolidada politicamente, embora em base heterodoxa, em parte frágil e a mercê de interesses restritos: a da presidente Dilma Rousseff.
 
A pergunta é, então: quem vai lhe opor? Desde a redemocratização – um quarto de século se foi –, não há renovação. Os quadros políticos são os mesmos. Apenas estão mais velhos.
 
Na ausência de conceitos ideológicos e preceitos doutrinários dos partidos brasileiros, há hoje um espaço aberto. Indefinido. Um vazio de nomes que, movido por essa indefinição, estimula ambições pessoais, suspeitas entre aliados, especulações sobre conspiração, infidelidade, oportunismo. Um processo que prioriza a ‘má política’, que desconsidera projetos coletivos e as relações ditadas por regras de convivência, como a lealdade. A dificuldade de renovação tem, na década mais recente, influência do misto de ‘comodismo com conformismo’, em razão dos indicadores de progresso e da sensação de maior partilha e bem estar social, aspectos da concreta ascensão de parcela significativa da população.
 
A ideia despolitizada de que, numa economia crescente e de fundamentos estáveis, que supera tempestades – como as da prolongada crise mundial –, a oposição não cresce ou, absurdamente, não é necessária (como no caso de alguns Estados da federação), acabou prevalecendo. A oposição brasileira não formou quadros. É neste contexto que hoje a direita está se consumindo. Tem propósito, mas não tem nomes.
 
O projeto nacional da direita resume-se a retirar, a qualquer custo político, o PT do poder. Um partido que nasceu sob bandeiras reclamadas pelos brasileiros, apropriou-se e tornou-se referencial desse discurso – até desconsiderando legendas ideológicas próximas – e que, acabou atingido e combalido pela perda da presumida exclusividade da lisura na coisa pública. Desde o “mensalão”, essas bandeiras foram recolhidas das campanhas eleitorais, o que não impediu a permanência do PT no poder, pela boa governança da economia e pela teia de instrumentos de assistência social.
 
A direita está órfã. Traduz-se pelo que é reproduzido pela grande mídia do sudeste, encabeçada pelo triângulo São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Órfã de líderes e de candidato. A direita formadora (de opinião) nacional, aflita com o vazio para o ano presidencial de 14, busca - desesperadamente – um nome “para chamar de seu”. 
 
A angústia deixada pelos sucessivos fracassos do PSDB, ex-centro-esquerda, maior partido de oposição, revela a inexistência de alternativa. Irá apostar no senador e ex-governador de Minas, Aécio Neves? Separado, adepto da vida noturna, flagrado pela lei seca, bon vivant, mas que, em dois anos, não conseguiu sequer marcar sua presença no Senado. Irá, o PSDB, ressuscitar José Serra, depois da derrota humilhante à Prefeitura de São Paulo? Um esperto apostador, neste momento, não apostará na bolsa de apostas. Vai esperar, na esperança de um novo nome. Não, necessariamente, um novo político, com novas práticas.
 
Plagiando o ditado, a direita poderá dizer: “se não posso com o adversário, vou buscar seu opositor dentro dele”. Acreditar que alguém, no conjunto das forças governistas, vai se colocar na disputa para derrotar o PT e desalojá-lo do poder é a posição mais viável para a direita nacional. Aécio, por falta de entusiasmo e pelo que até então não disse, poderá ser rifado, facilmente. 
 
Não sem motivo, os petistas estão divididos. De barbas de molho, o alto comando - diga-se, a cúpula nacional – bate cabeça para encontrar a melhor posição momentânea. E a melhor forma de enfrentamento, se o nome alternativo da direita for o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Metade da cúpula, majoritariamente paulista, quer começar a bater; a outra metade, puxada e fiel a Lula, acredita que o ex-presidente – por amizade sólida – convencerá o aliado socialista a adiar o projeto. Como o PT tende a ir aonde Lula vai, deve prevalecer o pragmatismo ‘lulista’, que conterá tanto os que queiram ir ao confronto e quanto os projetos infieis. Como velho sindicalista, Lula deve acreditar que conseguiu dar mais rasteira do que levou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário