O Eleitor, Vítima ou Cúmplice?
Em toda eleição, é comum ouvirmos
reclamações de que os políticos só sabem comprar votos, sem apresentarem
nenhuma proposta real para os problemas que afligem o município. Uma pesquisa
realizada pelo IBOPE no ano de 2006 mostrou que 69% dos eleitores brasileiro já
transgrediram alguma lei ou descumpriram alguma regra contratual de forma consciente.
59% dos entrevistados aceitariam a escolha de familiares para cargos
comissionados. 43% admitiram que se aproveitassem viagens oficiais para lazer
próprio ou para a família. A pesquisa também procurou saber o grau de
tolerância do eleitor com algum tipo de corrupção por parte de seus
representantes.
A pesquisa disponibilizou, assim, quatorze
itens. Escolhermos quatros para citarmos aqui:
- Mudar de partido em troca de
dinheiro ou cargo, emprego para familiares.
- Contratar, sem licitação,
empresas de familiares para prestação de serviços público.
- Desviar recursos das áreas de
saúde e educação para utilizar em outras áreas.
- Superfaturar obras públicas e
desviar o dinheiro para o patrimônio próprio ou de familiares.
Caro leitor, pasme! 75% dos
entrevistados acreditam que cometeriam pelo menos um dos atos de corrupção
avaliados, caso tivesse oportunidade, ou seja, se tivesse no lugar e nas mesmas
condições do político denunciado por esses crimes. Até que ponto os problemas
éticos estão concentrados nos políticos ou nas elites brasileiras? Ou se trata
de uma prática disseminada em todas as camadas e grupos de nossa sociedade? Parece-nos
que o eleitor brasileiro que tanto cobra ética de seus representantes não
enxerga essa mesma ética em suas atitudes, como dar “caixinha” ao guarda para
não ser multado, comprar produtos contrabandeados, dar um jeitinho para arrumar
empregos para os filhos sem passar por uma avaliação de competência e etc.
A mesma legislação brasileira que
pune o corrupto deveria punir o eleitor que vende seu voto em troca de favorecimento
ou de dinheiro. Se o político for pego comprando voto, perde sua candidatura e responderá
penalmente por esse ato. O eleitor deveria ter seu direito de votar cassado por
oito anos ou mais, para que ele aprendesse não mais trocar sua cidadania por
migalhas, que vai prejudicar toda a sociedade a que pertence. Como vimos a tendência de paternalizar o eleitor,
como se fosse vítima de suas elites, não reflete a realidade. A própria
pesquisa rejeita completamente essa vitimização do eleitor. Ele é cúmplice e se
identifica com boa parte das transgressões cometidas pelos seus representantes.
Você, leitor, concorda ou discorda
dessa pesquisa? Faça sua avaliação e seu próprio julgamento.
Texto escrito pelo colaborador do blog: Professor José Fernando da Silva, Graduado em História pela UPE: Garanhuns-PE.
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