Publicado no UOL
O Senado aprovou nesta noite projeto que reserva metade das vagas nas
universidades federais e nas escolas técnicas do país para alunos que
cursaram todo o ensino médio em colégios públicos.
Além disso, estabelece a divisão dessas vagas com base nas raças dos estudantes.
O projeto segue agora para sanção presidencial. Na prática, ele mais do
que dobra o total de vagas destinadas a cotas nas federais.
Nas 59 instituições federais
hoje há 52.190 vagas reservadas, de um total de 244.263. Com o projeto,
seriam então 122.131 aumento de 134%.
O texto ainda prevê que as cotas devem ser prioritariamente ocupadas por
negros, pardos ou índios. A divisão deve considerar o tamanho de cada
uma dessas populações no Estado, segundo o censo mais recente do IBGE.
Se houver sobra de vagas, elas irão para os demais alunos das escolas públicas.
Dos 50% reservados para cotas, metade das vagas será destinada a alunos
com renda familiar de até R$ 933,00 por pessoa. Nesse grupo, também é
preciso respeitar o critério racial.
Assim, os 50% restantes das cotas podem ser ocupados por quem tem renda maior, desde que seja obedecido o critério racial.
O tema tramitava havia 13 anos no Congresso, mas, por ser polêmico, só
foi aprovado depois que o governo mobilizou aliados. A expectativa era
que fosse votado nesta quarta, mas o governo aproveitou o plenário cheio
na sessão para concluir a tramitação.
O projeto prevê que as cotas irão vigorar por dez anos. Depois disso,
haverá revisão do tema com o objetivo de verificar se o modelo deu
certo.
"É um período de transição para garantir a igualdade na seleção", disse a senadora Ana Rita (PT-ES), uma das relatoras do texto.
Um trecho aprovado deve ser vetado pela presidente Dilma Rousseff. Ele
estabelece que o ingresso por meio de cotas deve ocorrer pela média das
notas do aluno no ensino médio, sem vestibular ou sistema similar.
Para facilitar a aprovação no Senado, o Palácio do Planalto prometeu vetar essa mudança.
A votação foi simbólica. Apenas o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) se declarou contrário ao projeto.
"Ao colocar todas as instituições no mesmo molde, estamos ferindo a
autonomia da universidade. Estabelecemos de fora para dentro um
critério", afirmou.
O senador Paulo Paim (PT-RS), um dos principais defensores do projeto,
disse que a mudança faz um resgate social dos negros no país.
"Quem é negro sabe o quanto o preconceito é forte. A rejeição desse
projeto significaria não querer que os negros, índios e pardos tenham
acesso à universidade."
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