DO BLOG DE RICARDO KOTSCHO
De
uma semana para outra, as eleições municipais viraram apenas pano de
fundo para os atores que se movimentam no palco já pensando na sucessão
de Dilma Rousseff em 2014.
Entre
eles, ganha cada vez mais destaque o governador pernambucano Eduardo
Campos, presidente nacional do PSB. Campeão de votos nas eleições de
2010, Campos rapidamente ganhou projeção nacional e se tornou peça-chave
no tabuleiro da sucessão presidencial.
Até a
presidente Dilma, candidata natural à reeleição, que pretendia se
manter distante da campanha eleitoral deste ano, viu-se obrigada a
entrar no jogo.
O
racha do PT com o PSB em Belo Horizonte, a exemplo do que já havia
acontecido no Recife e em Fortaleza, foi a gota d´água para deflagrar um
processo previsto para acontecer só após as eleições de outubro.
Em
Belo Horizonte, entraram em cena os principais personagens que se
movimentam para 2014, levando Dilma a agir com rapidez para não perder o
controle do jogo sucessário.
Ao
rifar o PT da chapa de vereadores e provocar o rompimento com seu
tradicional aliado, o socialista Eduardo Campos, de um lado, e o senador
tucano Aécio Neves, de outro, com a prestimosa ajuda de Ciro Gomes,
procuraram isolar o partido de Dilma e Lula em Minas.
Estava
tudo certo para se repetir este ano em Belo Horizonte a dobradinha do
prefeito Márcio Lacerda, político do PSB ligado a Ciro Gomes, com um
vice do PT numa coligação com o PSDB de Aécio Neves, mas a disputa de
2014 precipitou o desenlace.
Dilma
chamou ao Palácio do Planalto a responsabilidade de bancar a
candidatura petista do ex-ministro Patrus Ananias, convocando vários
ministros para montar uma aliança competitiva capaz de derrotar ao mesmo
tempo Eduardo Campos e Aécio Neves, dois possíveis adversários, juntos
ou separados, em 2014.
Até
outro dia, o nome de Campos aparecia muito como provável vice de Dilma
nas próximas eleições presidenciais, cacifando-se para ser o candidato
dela e de Lula em 2018. Atento às circunstâncias e às mudanças do vento,
o governador pernambucano resolveu alçar vôo próprio desde já ao se
desfazer da aliança com o PT em algumas importantes capitais do país.
Em
outra frente, ele articula há tempos uma parceria com o PSD de Gilberto
Kassab com o objetivo de se fortalecer na região sudeste, já que o seu
PSB tem maior expressão no norte-nordeste.
Como
uma coisa puxa a outra, a turma de José Serra, da qual faz parte o
mesmo Kassab, que estava só na espreita do rolo em Belo Horizonte,
aproveitou para colocar o bico de fora e, numa penada só, tenta agora
derrubar do poleiro o PT, o PSB e Aécio Neves, o principal adversário no
ninho tucano. Para derrotar Aécio, vale tudo, até o PSD se aliar ao PT
em Belo Horizonte.
Um
dos porta-estandartes de Serra, o senador Aloysio Nunes Ferreira
(PSDB-SP), resolveu abrir o jogo sobre os objetivos do grupo em matéria
de Catia Seabra, publicada na "Folha" desta quinta-feira:
"PSB
e PSD, dois planetas viajando pelo espaço público em órbitas
independentes do PT, que se arvora em centro do sistema polar: esse
poderá ser um dos reflexos mais importantes das eleições municipais
sobre o quadro nacional".
Os
partidos de Campos e Kassab tornaram-se o objeto de desejo dos tucanos
paulistas para enfrentar o PT em 2014. Eleições municipais? Ninguém mais
fala nisso. Todo mundo agora só pensa na sucessão de Dilma, que acabou
de completar apenas 18 meses de governo. Serra, por exemplo, nunca
pensou em outra coisa.
A
disputa municipal é apenas um detalhe. Da mesma forma, o PT de Lula joga
todas as suas fichas na capital paulista, fazendo alianças complicadas e
abrindo mão de outras cidades importantes, já pensando na sucessão
estadual em 2014.
Quem
sai ganhando com tudo isso, por enquanto, é Eduardo Campos, o neto de
Miguel Arraes, que se tornou o pivô da sucessão de Dilma.
Como se vê, o jogo é complicado, briga para cachorro grande
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