Ivan Rodrigues, uma figura histórica nas lutas contra a ditadura, militou no MDB na nossa região, fundou o PSB ao lado de Miguel Arraes, emitiu uma nota, tendo como destinatário o Jornalista Inaldo Sampaio. No texto, Ivan
Rodrigues, critica a forma como Antônio João Dourado, tenta se impor como candidato, a Prefeito de Garanhuns, bem como o Diretório estadual tem tratado a Comissão Provisória Municipal, nesse processo todo. Mais esta resposta diz muito do que é Ivan rodrigues, quem lutou contra a ditadura não iria arregar neste momento.
Confiram o texto assinado por Ivan Rodrigues: Publicado no Blog do Ronaldo Cesar
.
Caro jornalista Inaldo Sampaio,
Em respeito à credibilidade
de sua coluna, refiro-me ao tópico “A Ternura”. Reitero o que tenho dito
à exaustão: Não é verdade que queira “deixar o Partido”. Isso é o que
querem os intrigantes. Na verdade, Não quero e ninguém me tira do PSB.
Esse é o meu Partido a que me filiei em 1990, juntamente com Miguel
Arraes, do mesmo modo que o governo de Pernambuco é o meu governo e
Eduardo Campos é o meu governador, aclamado – como dizem as pesquisas –
por quase todos os pernambucanos.
Já disse, dentro do
próprio Partido, que não recebo mais “recados” através dos blogs, uma
vez que todos sabem os meus telefones, meus endereços, onde moro e onde
trabalho. Sobretudo os “recados” que carregam ameaças de enquadramento,
pois essa linguagem castrense nunca me assustou, nem mesmo durante os
governos militares, em que por vezes dependi do meu pai para alimentar
minha família, mas permaneci na defesa da democracia e do respeito às
pessoas.
Sempre tive lado, amigo
Inaldo. Sou um homem de Partido e, disciplinadamente recebi o
comunicado da decisão do PSB de colocar Antonio João como candidato a
Prefeito de Garanhuns. Não sou áulico, nem escondo dos dirigentes as
possíveis impropriedades contidas em certas posições. Na ocasião,
alertei o Partido e ao novo companheiro sobre as dificuldades que
teríamos de enfrentar e das medidas que deveríamos adotar para reduzir
as tensões (ainda bem que tenho testemunhas para comprovar o que estou
afirmando) e o que mais adverti foi para a necessidade de unificar um
discurso de humildade e conciliação. Nunca o da IMPOSIÇÃO, sob pena de
provocar uma rejeição incalculável por parte da população. Como isso
aconteceu no dia 5 de outubro de 2011, já decorreram SEIS meses e,
durante todo esse período, todas as manifestações públicas do
pré-candidato foram para deixar claro o discurso da IMPOSIÇÃO e do
AUTORITARISMO, chegando à megalomania de afirmar que Garanhuns era o
único município no Estado em que o Governador tinha um candidato
definido para Prefeito. Nesse período nunca procurou uma liderança
política, empresarial, sindical, comunitária para se construir como
candidato. Para que você possa ter idéia, mesmo sendo eu o Presidente da
Comissão Provisória, encontrou-se comigo apenas 4 (quatro) vezes, sendo
que uma delas casualmente.
Pelo currículo
apregoado, imaginávamos que se tratava de um pretendente à altura do
encargo exigido. No decurso do tempo e com as gravações nunca
desmentidas que foram divulgadas pelo YOUTUBE, com ofensas e calúnias
proferidas contra pessoas e instituições, ficou claro que a despeito das
“excelsas aptidões” oferecidas no desempenho de cargos importantes, ele
próprio se encarregou de inviabilizar-se para disputar o cargo de
Prefeito da terra de Simoa Gomes.
Numa tentativa infeliz
de justificar o injustificável, o presidente estadual do PSB,
apressadamente e mesmo sem qualquer manifestação do próprio Antonio
João, tratou de dizer que tinham sido “momentos de infelicidade”. E
mesmo após o pedido de desculpas aos promotores por tê-los tratado como
“merda”, o presidente - também admitindo a verdade das sandices gravadas
- afirmou que as agressões não teriam maior relevância e não
inviabilizavam a candidatura de AJD, pelo fato de que uma pesquisa
indicou que somente 12% da população de Garanhuns haviam tomado
conhecimento das declarações criminosas.
Que barbaridade, meu
caro Inaldo! Será que o crime somente se caracteriza pela divulgação do
fato delituoso e não pela sua natureza? Será que estamos diante da
formulação de um novo princípio de Direito Penal? Se pouca gente souber,
o crime não tem importância ou deixa de ser crime?
Tive dois mestres na
vida: meu pai, o orgulhoso Zébatatinha, e Miguel Arraes, líder e amigo
de 1962 até a sua morte em 2005. Com eles aprendi as melhores lições de
cidadania, honra, dignidade, ética e moral. Não posso concordar,
portanto, sob pena de destruir tudo que levei oitenta anos para realizar
e merecer o respeito de todos, com o meu “enquadramento” para
participar de uma comissão provisória com a única finalidade de impor a
candidatura de um cidadão que demonstrou sua desqualificação para o
cargo de Prefeito da minha terra.
Prefiro, no dizer do
seu colega, jornalista Roberto Almeida, “uma candidatura com a alma da
cidade, um nome que tenha raízes entre as sete colinas, conhecedor dos
problemas do município e com serviços prestados à nossa gente”. Para
isso, o PSB de Garanhuns vinha trabalhando há cerca de ano e meio,
construindo um projeto regional para o Agreste Meridional, desenvolvendo
um programa bonito e reconhecido por toda a sociedade garanhuense, que
não entende, até hoje, a razão de tamanha truculência dirigida ao nosso
diretório municipal, e que terminou despertando toda a sorte de intrigas
contra mim.
Tenho sido denegrido
por comentários anônimos nos blogs da cidade e estou pagando um preço
muito alto pela minha falta de ambição pessoal e pela minha coerência.
Que fique bem claro, meu caro Inaldo, recuso-me a participar
“enquadrado” dessa comissão provisória e faço questão de permanecer no
MEU PARTIDO para assegurar-me do sagrado direito de expor e lutar pelas
minhas posições e divergir dos equívocos que estão sendo praticados. Se
essa posição for um estorvo, que se abra um processo de expulsão e nele
me defenderei até o último instante.
Com um abraço de Ivan Rodrigues
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