Ex-assessora de Marielle vira dor de cabeça para governo Witzel na Assembleia do Rio
Ao denunciar governador à ONU, deputada estadual Renata Souza foi alvo de pedido de cassação
Anna Virginia Balloussier – Folha de S.Paulo
Cheia da marra!” e "Nariz em pé!" são algumas das expressões que a deputada estadual Renata Souza (PSOL), 36, ouviu de seus pares da Assembleia Legislativa do Rio, dias após ter denunciado à ONU o governador Wilson Witzel (PSC).
“Deve ser porque estão acostumados a submeter mulheres, em especial as negras, enquanto suas serviçais. Quando uma favelada, feminista negra, debate no Parlamento em pé de igualdade com homens brancos da elite econômica e política, é arrogante”, diz à Folha a ex-chefe de gabinete da vereadora assassinada Marielle Franco, favelada, feminista negra e integrantes do PSOL como ela.
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia do Rio, Renata recorreu ao órgão máximo da diplomacia mundial depois de Witzel ter postado um vídeo em que sobrevoa Angra dos Reis (RJ) de helicóptero.
“Vamos botar fim na bandidagem”, disse o governador, ao anunciar o início de uma operação da Polícia Civil. Naquele percurso, da aeronave em que estava partiram tiros de metralhadora em cima de uma tenda de orações evangélica. Ela foi confundida com um ponto do tráfico —ninguém se feriu.
Sob ataque de deputados governistas, Renata virou alvo de um pedido de cassação na Assembleia, endossado pelo governador. Ela faria parte daqueles que “estão desonrando o voto que receberam” com “crime de informação falsa”. E essa deputada, disse Witzel sem citar o nome dela, mereceria ser removida do cargo por causa isso.